Helicóptero da Nasa faz voo histórico em Marte

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.

No primeiro voo controlado da história em outro planeta, robô Ingenuity decolou e aterrissou em segurança na superfície marciana. Testes mais complexos estão planejados para as próximas semanas.

A Nasa anunciou nesta segunda-feira (19/04) que o helicóptero-robô Ingenuity (engenhosidade, em português) decolou e aterrissou com sucesso em Marte, realizando o primeiro voo controlado da história de uma aeronave sobre a superfície de outro planeta. 

“Agora podemos dizer que seres humanos voaram com uma aeronave em outro planeta”, disse MiMi Aung, gerente do projeto do Ingenuity no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês) da Nasa.

O voo completo do pequeno helicóptero de 1,8 quilo, que custou 85 milhões de dólares, durou apenas 40 segundos. Apesar da brevidade, ele marcou uma façanha histórica na aviação interplanetária, ocorrendo a 278 milhões de quilômetros da Terra, no fundo da cratera Jezero.

O helicóptero foi pré-programado para subir a 3 metros em linha reta, pairar e girar no lugar por 30 segundos, antes de aterrissar em suas quatro pernas. A façanha ocorreu às 4h30 (horário de Brasília), e a equipe precisou esperar três horas até a chegada dos primeiros dados. 

Embora ainda não sejam conhecidos os detalhes da operação, todos os objetivos foram alcançados: as pás rodaram, houve decolagem, voo, descida e aterrissagem.

“Os dados do altímetro confirmam que o Ingenuity fez o seu primeiro voo. O primeiro voo de um aparelho propulsionado em outro planeta”, afirmou o controlador do helicóptero, Havard Grip.

Com a primeira saída do helicóptero considerada um sucesso, a Nasa planeja outros voos da aeronave nas próximas semanas, cada vez mais ambiciosos.

Primeiras imagens

A chegada das primeiras informações à Nasa foi transmitida ao vivo a milhões de pessoas de todo o mundo. Logo após os primeiros dados, chegou à Terra a primeira imagem em preto e branco, que mostrava a sombra do Ingenuity sobre a superfície de Marte enquanto voava, capturada por uma câmera acoplada embaixo do helicóptero.

Logo em seguida, os cientistas receberam uma sequência de imagens coloridas do voo, capturadas por uma câmera montada no rover Perseverance, estacionado a cerca de 60 metros de distância.

O minúsculo helicóptero foi levado ao Planeta Vermelho preso ao Perseverance, que pousou na cratera Jezero em 18 de fevereiro, após uma jornada de quase sete meses pelo espaço.

O êxito do Ingenuity pode abrir caminho para novos modos de exploração em Marte e outros destinos no sistema solar, como Vênus e Titã, uma das luas de Saturno.

Homenagem aos irmãos Wright

A Nasa comparou a façanha do Ingenuity ao primeiro voo do avião a motor dos irmãos Wright, nos Estados Unidos, em 1903, o qual os americanos consideram o primeiro voo controlado da história.

Desta forma, prestando uma homenagem aos irmãos Wright, o Ingenuity teve afixado sob o painel solar um fragmento de tecido das asas do avião que protagonizaram aquele feito. 

O projeto

O Ingenuity demorou mais de seis anos para ser concluído. Ele tem cerca de meio metro de altura e é suportado por quatro pés. A fuselagem, com baterias, sensores e aquecedores, é do tamanho de uma caixa grande de lenços de papel. As peças com maior dimensão são as pás de rotor: cada par mede 1,2 metro de diâmetro.

O helicóptero foi desenvolvido como uma demonstração de tecnologia. Trata-se de um projeto separado da missão principal do Perseverance, que é procurar vestígios de microrganismos antigos e coletar amostras de rochas marcianas.

Construir um helicóptero que pudesse voar em Marte foi um grande desafio para os engenheiros do JPL.

Embora Marte tenha muito menos gravidade do que a Terra, sua pressão atmosférica é de apenas 1% comparada à da Terra ao nível do mar, o que torna especialmente difícil gerar sustentação aerodinâmica. Para compensar, os engenheiros equiparam o Ingenuity com pás de rotor maiores, que giram em sentidos contrários e precisaram chegar a 2.500 rotações por minuto, cinco vezes mais do que seria preciso para o mesmo efeito na Terra.

O projeto foi testado com sucesso em câmaras de vácuo construídas para simular as condições marcianas, mas ainda era uma incógnita se o Ingenuity realmente conseguiria voar no Planeta Vermelho.

A aeronave também foi projetada para resistir ao frio severo, com temperaturas noturnas de até -90 ºC, usando apenas energia solar para recarregar e manter seus componentes internos devidamente aquecidos.

A primeira viagem do Ingenuity estava inicialmente marcada para o dia 12, mas precisou ser adiada por problemas nos testes de alta velocidade dos rotores. A Nasa disse que a questão foi resolvida com a transmissão de comandos adicionais para a sequência de voo, na semana passada.

No futuro, o desenvolvimento deste tipo de tecnologia poderá ter também aplicações na Terra, servindo para criar helicópteros capazes de voar a grandes altitudes e desempenhar missões em locais como os Himalaias.

DW – Brasil

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