O enfermeiro Anthony Ferrari Penza, conhecido nas redes sociais por divulgar informações falsas sobre a covid-19, morreu ontem no Hospital São José, em Duque de Caxias (RJ), em decorrência de complicações da doença. Segundo a secretaria de comunicação da cidade localizada na Baixada Fluminense, ele chegou ao hospital no dia 15, transferido de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Cabo Frio, cidade da Região dos Lagos, após a Central de Regulamentação do Estado solicitar a transferência dele.
Em dezembro do ano passado o enfermeiro divulgou de forma falsa, em uma transmissão ao vivo pelo Facebook, que o médico João Pedro Rodrigues Feitosa, voluntário no ensaio clínico da vacina de Oxford, morreu sendo “vítima da vacina”. De acordo com o atestado de óbito do jovem, obtido pelo Comprova, ele morreu em decorrência de uma pneumonia viral causada pela covid-19.
O enfermeiro ainda afirmava no vídeo verificado pelo Comprova que os adjuvantes da vacina, substâncias que buscam melhorar sua eficácia, poderiam causar Alzheimer, doença degenerativa que afeta a memória, e fibromialgia, que causa dor e fadiga.
A afirmação é enganosa, já que não existem indícios científicos que indiquem que as vacinas e os adjuvantes causem qualquer uma das duas doenças, como explicou o pesquisador Rafael Dhália, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). Até o momento, não foram relatados efeitos colaterais graves nos 57 mil voluntários (10 mil deles no Brasil) que receberam a vacina de Oxford.
Na época, Penza alegou ao Comprova que não era contra a vacina ou contra os testes da vacina, mas que era “contra não avisar as pessoas que elas estão sendo testadas” e contra a “obrigatoriedade” dos testes. Na verdade, nenhuma pessoa é obrigada a participar dos testes e todos que participam são voluntários e assinam um termo reconhecendo a participação.
Em relação aos efeitos colaterais, ele voltou a afirmar que os artigos científicos mostram que os adjuvantes podem provocar Alzheimer. Porém, quando o Comprova pediu para que ele enviasse os artigos que supostamente comprovariam a afirmação, ele deixou de responder.
O enfermeiro deverá ser sepultado no hospital municipal de Duque de Caxias, respeitando os protocolos de distanciamento e com poucas pessoas para evitar a disseminação do novo coronavírus.
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