Educar é tocar a vida inteira de uma pessoa; é contribuir para tornar mais plena a dignidade do ser pessoa
Educadores são sonhadores. Não porque vivem num mundo de ilusão e fantasia e sim pelo fato de viverem sua atuação de forma a acreditar na transformação que provocam. Pessoas dedicadas à educação deixam marcas, sejam elas as mais positivas, sejam as nem tão positivas assim. Educar é tocar a vida inteira de uma pessoa; é contribuir para tornar mais plena a dignidade do ser pessoa. Mas esta não é tarefa fácil e não pode ser romantizada: é no concreto da realidade que precisamos perceber a força transformadora da educação, bem como a resiliência de quem se dedica a ela.
O tema da Campanha da Fraternidade do presente ano, proposto pela Igreja Católica no Brasil, é Fraternidade e Educação. Todos os anos, a Campanha da Fraternidade, iniciada na Quaresma, é um convite a que cristãos e cristãs vivam sua fé de modo que esta incida, eficazmente, na realidade social. Não há cristianismo sem a sua dimensão ética e é justamente por isso que, todos os anos, a Campanha da Fraternidade se mostra, pedagogicamente, muito importante. Neste ano, a educação é o foco e, aliada ao tema da fraternidade, quer despertar para o seu papel sociotransformador.
O lema é bastante inspirador: Fala com sabedoria, ensina com amor? (Provérbios 31,36). Educandos não são caixas vazias, dentro das quais se coloca conhecimento, tampouco receptáculos destinados ao serviço do mercado, como mão de obra a produzir riquezas a uns poucos. O processo de educação é um processo que humaniza: desperta na pessoa as suas potencialidades de sua subjetividade, bem como as que apontam para o convívio sociocultural. Educação é troca, é relação: educadores e educandos, nos encontros transformadores, crescem humanamente. O convite bíblico à transmissão com sabedoria e ao ensino com amor reflete uma compreensão profunda de que educar é caminho indispensável à formação de pessoas verdadeiramente humanas.
O investimento em educação é o primeiro e mais importante encaminhamento para uma sociedade justa e igualitária. E isso não é repetição pura e simples de um clichê! Investir em educação é mais que destinar parte do PIB, como ?gasto público?. Trata-se de assumi-la como indispensável à formação de uma nação, que tenha os critérios para assim ser considerada. De nada adianta desejar uma educação equiparada a dos países escandinavos, se não damos a legítima atenção àquilo que pensadores e pensadoras da educação, em nosso país, insistem tanto em dizer; se gente do poder público, empoderada por uma legião de estultos, criminalizam o exercício de professores e professoras, numa patrulha ideológica estúpida e tacanha; se legisladores e os gestores dos recursos públicos sucateiam o serviço educacional?
Que a Campanha da Fraternidade seja uma oportunidade a mais de trazermos ao centro de nossa reflexão este tema tão importante.
por Felipe Magalhães Francisco
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