Entre outras coisas, a Ucrânia precisa aceitar que deve ser geopoliticamente neutra e não aderir a – OTAN – o braço militar dos Estados Unidos
Voz do Pará – O principal porta-voz e conselheiro do presidente da Turquia, Hibrahin Kalin, revelou que Putin ligou para o presidente turco Tayyip Erdogan, no último dia 17 de março, e listou as condições para encerrar o conflito armado. A Turquia se posicionou com muito cuidado no conflito, e a ligação entre os dois presidentes parece ser frutos dessa estratégia.
As quatro primeiras exigências são fáceis para Ucrânia cumprir
A principal é que a Ucrânia aceite que deve ser geopoliticamente neutra e não aderir a Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN, liderada pelos Estados Unidos.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensk, já sinalizou durante a guerra, que adotaria essa posição.
As outras três exigências que destacamos também que seriam mais fáceis para a Ucrânia são:
- A Ucrânia tem que se submeter a um processo de desarmamento para garantir que não será uma ameaça à Rússia;
- precisaria haver uma proteção à língua russa na Ucrânia;
- A Ucrânia terá também que promover a desnazificação. A questão da desnazificação é considerada profundamente ofensiva para Zelensk, que se diz “judeu” e teve parentes que morreram no Holocausto. Mas para a Turquia, essa exigência seria relativamente fácil de ser aceita por ele. Talvez bastasse que a Ucrânia condenasse todas as formas de neonazismo e se comprometesse a combatê-lo.
As maiores dificuldades estão nas últimas duas exigências dos russos. Na ligação com o presidente turco, Putin afirmou que elas demandariam uma negociação cara a cara entre ele e Zelensk, que já afirmou estar preparado para negociar pessoalmente com um acordo de paz.
O conselheiro do presidente da Turquia deu poucos detalhes sobre essas duas exigências. Ele disse apenas que elas envolvem o destino da região da Crimeia anexada recentemente pela Rússia em 2014 e da região de Dombass, no leste da Ucrânia, onde grupos separatistas criaram repúblicas Independentes em Donetsk e Lugansk.
Assim, está claro que a Rússia exige que a Ucrânia abra mão desses territórios separatistas.
Pode-se presumir que a Rússia exigirá que a Ucrânia aceite formalmente que a Crimeia passe de fato a pertencer ao território da Rússia. Essa demanda de Putin seria um remédio bastante amargo para a Ucrânia engolir, mas de toda forma, a anexação da Crimeia é um fato consumado, ainda que a Rússia não tenha o direito legal de possuir a região, e tenha assinado um tratado internacional antes de Putin chegar ao poder, atestando que a Crimeia fazia parte da Ucrânia.
Constata-se que as exigências de Putin são bastante razoáveis, ao contrário do que dizem alguns especialistas e autoridades, e que dificilmente devem ser obstáculo diante de toda a violência e destruição que a Ucrânia vem sofrendo. Além disso, com o controle pesado que o governo russo exerce sobre a mídia, não seria difícil para Putin e seus subordinados apresentarem tudo isso como uma grande vitória. Entretanto na Ucrânia ocorreriam sérias tensões.
O fato é que um acordo de paz pode levar muito tempo para ser resolvido, mesmo que um cessar-fogo pare os ataques durante as negociações.
O Ocidente brinca de impor sanções à Rússia, e ao mesmo tempo, ignora o efeito “bumerangue” das sanções à economia global. Uma guerra midiática está sendo travada e busca criminalizar a Rússia e o seu povo. Concomitantemente, Rússia e China organizam um novo sistema internacional de comércio, o que representa a inauguração de uma nova ordem geopolítica global.