O presidente trata bem seus correligionários envolvidos com crimes, mas despreza com frequência os militares
O colunista Lauro Jardim, do Globo, faz um resgate do tratamento figadal dado por Jair Bolsonaro a alguns membros do quadro das forças armadas. Ao contrário do que o presidente faz com os membros das milícias, como Fabrício Queiroz e o próprio Frederick Wassef, o tratamento dado a membros de alta patentes militares se restringe a simples desprezo. Segue a lista do jornalista:
Desde que assumiu o poder, Bolsonaro já escanteou, fritou, achincalhou ou humilhou:
1 – Otávio Rêgo Barros (antigo porta-voz): teve o cargo esvaziado com as entrevistas de Bolsonaro no “cercadinho” do Alvorada e a recriação do Ministério das Comunicações. Tornou-se crítico do governo após a saída, em agosto de 2020.
2 – Fernando Azevedo e Silva (ex-ministro da Defesa): deu lugar a Braga Netto, em março de 2021, após desagradar Bolsonaro pelo empenho na defesa das “Forças Armadas como instituição de estado”, nas palavras de sua própria carta de demissão.
3 – Edson Pujol (ex-comandante do Exército): retirado do cargo em abril de 2021 por ordem de um Bolsonaro incomodado com a resistência do militar à politização dos quartéis e ao negacionismo da Covid (o general recusou um aperto de mão do presidente em meio ao isolamento: devolveu com o cotovelo).
4 – Maynard Santa Rosa (ex-Assuntos Estratégicos): exonerado em novembro de 2019 após desentendimentos com Jorge Oliveira (Secretaria-Geral), com o Planalto em silêncio. Gustavo Bebianno, responsável pela indicação, falou em “desrespeito ao Exército”, à época.
Outros três foram para a rua numa mesma semana, em junho de 2019:
5 – Carlos Alberto Santos Cruz (ex-secretário de Governo): dispensado após colidir com a ala ideológica do governo, com destaque para Carlos Bolsonaro, ávido para controlar a comunicação, então sob a guarda do general. Ele se tornou desafeto e adversário político.
6 – Franklimberg Freitas (ex-presidente da Funai): caiu por pressão de ruralistas, pelas mãos de Damares Alves, com anuência de Bolsonaro. Foi acusado de não estar alinhado com as políticas do presidente para a causa indígena.
7 – Juarez de Paula Cunha (ex-presidente dos Correios): discursou contra a privatização da empresa e acabou exonerado por “agir como um sindicalista” (nas palavras de Bolsonaro). Havia despertado a ira ao posar com petistas num ato contra o repasse à iniciativa privada.
O presidente da Petrobras, Silva e Luna, é o oitavo general que é alvo do capitão Jair Bolsonaro.