Após a repercussão do escândalo, o governo oficializou a saída do quarto incompetente ministro da Educação de Bolsonaro
Kaká Sena (PL), prefeito de Salinópolis, nordeste do Pará, informou que o município não teve qualquer despesa na ocasião onde bíblias foram distribuídas contendo foto do ex-ministro Milton Ribeiro, e os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, em julho de 2021, além de espaço cedido para evento. Os pastores são suspeitos de envolvimento no escândalo do Ministério da Educação.
Na segunda-feira (28), Milton Ribeiro afirmou, pelas redes sociais, que havia autorizado a produção de Bíblias com a sua imagem e a distribuição gratuita delas em evento de cunho religioso.
Após a repercussão, governo oficializou a saída do quarto incompetente ministro da Educação de Bolsonaro. Ainda na segunda, o ministro pediu exoneração do cargo.
A gráfica responsável pela tiragem da referida bíblia disse que não fabrica ou comercializa exemplares personalizados. Um vídeo mostra o livro.
Segundo o prefeito Kaká Sena, uma comitiva com 79 prefeitos no Pará foi recebida para evento sobre acesso aos programas e investimentos do MEC.
“No caso de Salinópolis, após regularizar parte das contas junto ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), a cidade tornou-se apta a receber recursos, e recentemente encaminhado, em dezembro de 2021, a indicação de recursos para a construção de escola municipal”, afirma.
O evento, ainda de acordo com o prefeito, teve a presença do ex-ministro Ribeiro, técnicos do MEC e do FNDE, prefeitos e gestores municipais.
O prefeito afirma que, “com a exceção da seção do Ginásio Poliesportivo Zeca Faustino, local do evento, o município de Salinópolis não teve qualquer outra despesa, nenhum tipo de patrocínio ou tampouco compras de bíblias”.
Distribuição
A Bíblia havia sido distribuída durante encontro do Ministério da Educação (MEC), com prefeitos municipais, no dia 2 de julho de 2021, no ginásio municipal de Salinópolis.
Além de convidados, alguns moradores e vereadores estiveram presentes. Nas imagens transmitidas em rede social, alguns exemplares da Bíblia foram colocados sobre as cadeiras reservadas para os convidados.
O evento “Melhorias na Educação: Atendimento aos Prefeitos do Estado do Pará” foi articulado pelo prefeito Kaká Sena (PL), como é conhecido, com apoio do deputado federal Joaquim Passarinho (PSD).
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, foram confeccionadas mil Bíblias, a R$ 70 cada exemplar. As tiragens foram feitas pela Igreja Ministério Cristo para Todos, comandada pelo pastor Gilmar Santos. O caso causou revolta nas redes sociais.
O que dizer desses religiosos que usam até a Bíblia como desculpa para pedir propina?
Inaceitável que o investimento em educação tenha virado moeda de troca para empresários-pastores tocarem negócios ilícitos. Aliás, o que Milton Ribeiro ainda faz no MEC? #BolsolaodoMec pic.twitter.com/soKpyGtVCq
— George Marques 🇧🇷 (@GeorgMarques) March 24, 2022
No livro estão fotos do prefeito da cidade, Carlos Alberto de Sena Filho (PL); o titular do MEC, Milton Ribeiro; e os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Um texto na contracapa das bíblias diz que as publicações foram custeadas pelo prefeito de Salinópolis.
Os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura são apontados como intermediadores da liberação de verbas do Ministério da Educação, supostamente mediante o pagamento de propinas.
Segundo a Casa Publicadora Paulista, a empresa responsável pela tiragem “nunca fabricou ou comercializou bíblias com fotos do ministro Milton Ribeiro, ou de qualquer outro ministro do governo atual ou de governo anteriores” e que não conhece o ministro:
“nunca solicitamos ou obtivemos autorização ou pedidos para produção ou comercialização de quaisquer produtos com sua foto ou qualquer outra informação que possa remeter a sua imagem”.
A nota afirma, ainda, que a editora “produz e comercializa 590 modelos de bíblia, comercializada como produto acabado, além de miolos de bíblias sem capa para empresas. A forte reação nas redes sociais levou à queda de Milton Ribeiro do MEC.
Pastores bolsonaristas exigiam propina em ouro e compra de bíblias com foto do ministro da Educação para a liberação de verbas do MEC. E Bolsonaro vai continuar com a ladainha de que não há corrupção no governo? Que cara de pau!#BolsonaroCorrupto pic.twitter.com/RcLHHPJNwk
— Ⓜ️arcel Lavajatista🔰#BrasilConsciente (@marceltsoares) March 28, 2022
A reportagem de O Estado de S. Paulo diz que, após o encontro, o ministro Milton Ribeiro aprovou a construção de uma escola na cidade. O MEC teria assinado um termo de compromisso com a prefeitura no valor de R$ 5,8 milhões, dos quais empenhou, no final de dezembro, R$ 200 mil.
Após o caso vir a público, Milton Ribeiro confirmou, pelas redes sociais, que “autorizou a produção de bíblias com a sua imagem e a distribuição gratuita delas em um evento de cunho religioso”.
Com informações do G1