Com 12 anos no poder, Orban reescreveu a Constituição, encheu os tribunais superiores com seus aliados e modificou o sistema eleitoral para lhe favorecer
Aliado de Jair Bolsonaro, Orbán poderá acumular 16 anos como chefe de governo, um dos mais longevos da Europa.
O premiê de extrema-direita da Hungria, Viktor Orbán, foi reeleito neste domingo (3) para o quinto mandato, segundo resultados preliminares.
Segundona Folha de S. Paulo, com 71% dos votos apurados às 22h47 (horário local), o Fidesz, partido de Orbán, já havia conquistado 134 das 199 cadeiras no Parlamento, enquanto a chapa de oposição havia vencido 58 assentos.
“Nós vencemos”, escreveu Orbán, às 22h44, em sua conta no Twitter. “Tivemos uma vitória gigante. Uma vitória tão grande que talvez seja vista da lua, mas certamente pode ser vista de Bruxelas”, disse ele em discurso.
A Hungria faz fronteira com a Ucrânia e recebeu mais de meio milhão de refugiados até agora. Orban insiste que, ao ajudar o povo, mas recusando-se a fornecer armas à Ucrânia, ele está mantendo a Hungria fora da guerra.
Orban, de 58 anos, tem uma relação tensa com a UE, que considera que o Fidesz minou as instituições democráticas da Hungria, relata Nick Thorpe, da BBC, em Budapeste. Com 12 anos no poder, Orban reescreveu a Constituição, encheu os tribunais superiores com seus aliados e mudou o sistema eleitoral a seu favor. Durante a campanha, o bordão da oposição era “Orban ou Europa”.
Seu candidato Peter Marki-Zay argumentou que a Hungria deveria se juntar à Polônia, ao Reino Unido e outros no fornecimento de armas para a Ucrânia. E se for chamado, e apenas dentro de uma estrutura da Otan, deve até considerar o envio de tropas.
A oposição reclamou que o Fidesz havia isolado a Hungria do mainstream europeu e da democracia, justiça e decência consensuais. Mais de 200 observadores internacionais acompanharam a eleição na Hungria, juntamente com milhares de voluntários de todo o espectro político.
A participação atingiu 68,69%, quase igualando o número recorde de eleitores nas últimas eleições nacionais em 2018.