“Roubótica” no centrão: aliado de Lira vendeu kit robótica 420% mais caro do que declarou ter pago

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Escolas que receberam os kits de robótica sofrerem com uma série de deficiências de infraestrutura básica, incluindo falta de computadores, internet e água encanada

A empresa contratada para fornecer kits de robótica para prefeituras, por meio de recursos de emendas liberados pelo governo Jair Bolsonaro (PL), vendeu os equipamentos ao poder público com uma diferença de 420% em relação ao preço que declarou ter pago em ao menos uma das compras que fez do produto. 

Sediada em Maceió, capital alagoana, a empresa é ligada ao presidente da Câmara dos Deputados e um dos principais dirigentes do centrão, Arthur Lira, aliado do governo Bolsonaro. 

Reportagem da Folha de S.Paulo informa que enquanto municípios desembolsaram R$ 14 mil por cada robô educacional, nota fiscal obtida mostra que a Megalic adquiriu unidades por R$ 2.700 de um fornecedor do interior de São Paulo.

Os donos da empresa alagoana são Roberta Lins Costa Melo e Edmundo Catunda, pai do vereador de Maceió João Catunda, aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). O deputado é responsável por controlar em Brasília a distribuição de parte das bilionárias emendas de relator do Orçamento, fonte dos recursos dos kits de robótica.

Sete cidades alagoanas receberam neste ano R$ 26 milhões de dinheiro federal para robótica, apesar de sofrerem com uma série de deficiências de infraestrutura básica, incluindo falta de computadores, internet e água encanada. Ao somar outros dois municípios pernambucanos que também contrataram a Megalic, o valor chega a R$ 31 milhões.

Arthur Lira diz não ter envolvimento com contratação de empresas pelos municípios e nega ter solicitado aceleração de liberações. “Não compete ao presidente da Câmara avaliar qualquer compra ou licitação de quaisquer outros entes federativos. Isso deve ser feito pelos órgãos de controle competentes.”

A Megalic não quis se manifestar. A fornecedora Pete também não respondeu às tentativas de contato da reportagem. MEC e FNDE têm sido procurados sobre o tema desde quarta-feira (6), mas também ficaram em silêncio.

Em manifestações anteriores, a Megalic e o vereador negaram qualquer irregularidade.

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