A mitigação das mudanças climáticas é o foco do Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – 2022 (IPCC)
Na era do Antropoceno, o ser humano com suas diversas atividades e ciclos econômicos acelera a degradação da paisagem terrestre a e extinção da biodiversidade. Florestas derrubadas, rios contaminados, montanhas cortadas ao meio. Lixo, resíduos, poluição. O mar não está para peixe! Calor insuportável, degelo. Impactos das mudanças climáticas intensificados. Segundo a ONU “as alterações climáticas representam o maior desafio para o futuro da humanidade e para os sistemas dos quais depende a vida e que tornam o nosso planeta habitável”.
A mitigação das mudanças climáticas é o foco do Sexto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – 2022 (IPCC). Cientistas de 65 países mostram que, para que tenhamos a chance de manter ao alcance o limite de 1,5°C estabelecido pelo Acordo de Paris, o mundo deve atingir o pico de emissões de gases do efeito estufa (GEE) nos próximos três anos.
O relatório aponta que as emissões de GEE precisam parar de crescer em 2025, e depois cair 43% até 2030. Não há mais espaço para combustíveis fosseis. É urgente expandir o uso de energia limpa e investir na descarbonização da indústria. Incentivar construções verdes, redesenhar as cidades e fazer a transição para o transporte de zero e baixo carbono; conservar os ecossistemas naturais e melhorar os sistemas alimentares.
É necessário aumentar o financiamento para a mitigação e adaptação das mudanças climáticas entre 3 e 6 vezes até 2030. Em direção contrária, o investimento em combustíveis fósseis supera o financiamento para ações climáticas. Mudanças de comportamento e estilo de vida são fundamentais: reduzir o consumo de bens alimentares, roupa e energia; evitar o desperdício; reutilizar; reciclar; aderir à compostagem; evitar materiais plásticos; utilizar transportes públicos, andar de bicicleta.
Amanhã, 22 de abril, é o Dia da Terra. Instituído pela ONU em 2009, as atividades foram iniciadas em 1970. Naquele ano o senador estadunidense Gaylord Nelson organizou um fórum ambiental envolvendo 20 milhões de pessoas. O evento foi uma resposta sobre questões ambientais.
Nada a comemorar! “Estamos sonâmbulos para as catástrofes climáticas” declarou António Gutierres, secretário-geral da ONU. Há sinais gravíssimos de um desequilíbrio ambiental global. O custo dos danos causados pela exploração da natureza é infinitamente maior do que os benefícios econômicos obtidos: 4 bilhões de pessoas vivem na pobreza e 1 bilhão na miséria absoluta.
Paul Crutzen denominou a atual era geológica como Antropoceno. O conceito define uma era em que os seres humanos se tornaram a principal força motriz de transformação da terra. Nunca uma espécie destruiu tantos recursos naturais em tão pouco tempo.
O termo surgiu em 2016. Mas desde 1938 cientistas soviéticos debateram as mudanças promovidas pela humanidade como uma força geológica em andamento. O homem interfere na terra a milhares de anos. O Antropoceno significa que essa intervenção chegou ao auge com eventos como testes nucleares, uso excessivo de materiais como plástico e combustíveis fósseis. O Antropoceno promove a extinção da Terra, nossa casa.
O Brasil vive sua era da estupidez. Um dos protagonistas das mudanças climáticas, o país está entre os dez maiores emissores mundiais de gases de efeito estufa. A herança do atual governo na área ambiental será o desmatamento, mineração ilegal, queimadas na
Amazônia, destruição dos biomas, desertificação. Enchentes destruindo casas, matando gente e arruinando meios de subsistência. Políticas de combate aos crimes ambientais são urgentes, contudo, o que se vê é redução das fiscalizações.
O desmatamento avança. Em 2021 o aumento do desmatamento foi 43% maior que em 2020. No primeiro trimestre de 2022 a Amazônia teve o maior número de alertas de desmatamento na história do monitoramento feito pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe). O total chega a 941,34 km².
Antropoceno é o outro nome para o antropocentrismo despótico (Laudato Sí, 68) denunciado por Papa Francisco. “Precisamos sarar estas relações danificadas, que são essenciais para sustentáculo de nós mesmos e de toda a trama da vida” (Mensagem Dia Mundial de oração pelo cuidado da criação/2020).
Não basta mudar a matriz energética, descarbonizar a economia, maquiar mudanças nos processos de produção e consumo. Falhamos ao proteger “nossa casa comum”.
Ainda há tempo de tomarmos o leme e sobrevivermos ao mar revolto? É a economia que depende do meio ambiente, não o contrário. Um futuro próspero, só haverá, se verde.
É urgente substituir o Antropoceno por uma era de harmonia entre todas os seres vivos da Terra. Mas se não há visão de futuro, pode ser tarde demais.
O que você vai fazer?
Dia da Terra 2022: #InvistaNoNossoPlaneta.
VOZ DO PARÁ: Essencial todo dia!