Mudanças climáticas vão mais que dobrar o risco de ciclones tropicais intensos até 2050

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A análise da equipe constatou que a frequência dos ciclones mais intensos, aqueles de categoria 3 ou mais, dobrará globalmente devido às mudanças climáticas

Até a metade do século, as mudanças climáticas causadas pelo homem tornarão fortes ciclones tropicais duas vezes mais frequentes, colocando grandes áreas do mundo em risco, de acordo com um novo estudo publicado na revista científica Science Advances.
Segundo a análise, as velocidades máximas dos ventos associadas a esses ciclones podem aumentar em torno de 20%.
Embora se enquadre entre os eventos climáticos extremos mais destrutivos do mundo, ciclones tropicais são relativamente raros. Em um determinado ano, apenas cerca de 80 a 100 ciclones tropicais se formam globalmente, a maioria dos quais sem grandes consequências. Além disso, registros históricos mundiais precisos são escassos, dificultando a previsão de onde poderão ocorrer e quais ações os governos devem tomar para se preparar.

Para superar essa limitação, um grupo internacional de cientistas desenvolveu uma nova abordagem que combinou dados históricos com modelos climáticos globais para gerar centenas de milhares de ciclones tropicais simulados.

“Nossos resultados podem ajudar a identificar os locais propensos ao maior aumento no risco de ciclone tropical. Os governos locais podem, então, tomar medidas para reduzir o risco em sua região, para que os danos e fatalidades possam ser reduzidos”, disse Nadia Bloemendaal, do Instituto de Estudos Ambientais da Vrije Universiteit Amsterdam, que liderou o estudo. “Com nossos dados disponíveis publicamente, agora podemos analisar o risco de ciclone tropical com mais precisão para cada cidade ou região costeira individual”.

Ciclones computadorizados têm características semelhantes aos naturais

Ao criar um conjunto de dados muito abrangente com esses ciclones gerados por computador, que têm características semelhantes aos ciclones naturais, os pesquisadores foram capazes de projetar com muito mais precisão a ocorrência e o comportamento de ciclones tropicais ao redor do mundo nas próximas décadas diante das mudanças climáticas, mesmo em regiões onde ciclones tropicais quase nunca ocorrem hoje.

A análise da equipe constatou que a frequência dos ciclones mais intensos, aqueles de categoria 3 ou mais, dobrará globalmente devido às mudanças climáticas, enquanto ciclones tropicais mais fracos e tempestades tropicais se tornarão menos comuns na maioria das regiões do mundo. A exceção a isso será a Baía de Bengala, localizada na parte nordeste do oceano Índico, onde os pesquisadores encontraram uma diminuição na frequência de ciclones intensos.

Muitos dos locais de maior risco são em países de baixa renda. Países onde os ciclones tropicais são relativamente raros hoje verão um risco aumentado nos próximos anos, incluindo Camboja, Laos, Moçambique e muitas nações das Ilhas do Pacífico, como as Ilhas Salomão e Tonga.

“De particular preocupação é que os resultados do nosso estudo destacam que algumas regiões que atualmente não experimentam ciclones tropicais provavelmente irão em um futuro próximo com as mudanças climáticas”, disse Ivan Haigh, professor associado da Universidade de Southampton e coautor do estudo. “O novo conjunto de dados de ciclones tropicais que produzimos ajudará muito o mapeamento da mudança do risco de inundação em regiões de ciclones tropicais”.

Globalmente, a Ásia verá o maior aumento no número de pessoas expostas a ciclones tropicais, com outras milhões expostas na China, Japão, Coreia do Sul e Vietnã.

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