Indígenas da Amazônia denunciam exclusão da Cúpula das Américas

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Atossa Soltani, fundadora e presidente da ONG Amazon Watch, conta que vários indígenas tiveram sua entrada negada no evento

Representantes indígenas da Amazônia denunciaram que foram excluídos da Cúpula das Américas, que acontece nesta semana em Los Angeles e que tem em sua agenda a discussão sobre as mudanças climáticas.

“As vozes indígenas não estão sendo ouvidas na Cúpula das Américas”, afirmou Atossa Soltani, fundadora e presidente da ONG Amazon Watch. “Vários delegados indígenas tiveram sua entrada negada”, acrescentou.

Soltani afirma que vários representantes indígenas se inscreveram para participar das atividades da Cúpula e percorreram enormes distâncias para chegar ao evento nos Estados Unidos, mas não tiveram acesso com a justificativa de que “não há espaço para todos”.

“Nestes eventos importantes, onde há governos no poder, devemos estar todos os indígenas de diferentes países, para chegar com nossa voz e com nossa proposta”, questionou Domingo Peas, da comunidade achuar na Amazônia equatoriana.

Peas, membro da Confederação de Nações Indígenas da Amazônia Equatoriana, viajou de barco, carro, ônibus e avião por mais de dois dias para ir de sua remota comunidade de cem famílias a Los Angeles, apenas para ouvir que não poderia participar do evento que abordará a questão ambiental.

Soluções

“Os povos indígenas não só têm as soluções para a nossa crise climática e biodiversidade, eles são os habitantes originários”, acrescentou Soltani.

“O motivo pelo qual temos essas incrivelmente intactas florestas na América Latina é porque os indígenas cuidaram delas por séculos e as defenderam com suas vidas”.

Os representantes indígenas organizaram manifestações e protestos pedindo aos líderes da região para “agir”.

“O destino da Amazônia está nas mãos dos líderes reunidos aqui. É o futuro da vida no planeta”, afirma.

A Cúpula das Américas voltou aos Estados Unidos após sua primeira reunião em 1994, em Miami. O encontro é ofuscado por ausências notáveis como as do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador.

A Amazônia se estende por oito países latino-americanos e pela região da Guiana Francesa, com o Brasil concentrando a maior proporção da floresta.

O presidente Jair Bolsonaro foi duramente criticado por Sotani por seus pronunciamentos a favor da exploração comercial desse território.

“Começa de cima, se o presidente Bolsonaro fizer comentários racistas e incentivar a destruição da Amazônia, é claro que ele vai alimentar atividades criminosas”, criticou.

A porta-voz da Amazon Watch também expressou preocupação com o desaparecimento na Amazônia brasileira do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira.

“É necessária uma investigação imediata. Basicamente, precisamos acabar com as gangues criminosas que ameaçam as comunidades e as pessoas que tentam proteger a floresta”, pediu.

Voz do Pará com informações da AFP

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