Se fosse vivo hoje, o megalodonte “certamente mudaria a relação que o homem tem com o mar”
O megalodonte era um dos maiores predadores – se não o maior predador – de sua época, quando este tubarão primordial do tamanho de dois ônibus vivia, há cerca de 3 milhões de anos ou mais.
Ao risco de repetir algo óbvio, um novo estudo, conduzido pela Universidade de Princeton, reafirmou essa impressão por meio de um método bastante engenhoso: a análise química dos dentes de vários animais marinhos predadores. A conclusão é a de que, fosse vivo hoje, o megalodonte “certamente mudaria a relação que o homem tem com o mar”.
Dados do Tubarão Pré-Histórico:
Nome: Megalodonte
Nome Científico: Carcharodon megalodon
Época: Mioceno
Local em que viveu: Oceano Atlântico
Peso: Cerca de 4 toneladas
Tamanho: 20 metros de comprimento
Alimentação: Carnívora pic.twitter.com/WjrRaEYE8S— lost in the ocean (@lostinthocean) April 5, 2018
Segundo os especialistas, a técnica aplicada mediu os níveis de uma forma específica de hidrogênio – chamada “hidrogênio-15” – em peixes com dentes protuberantes, como tubarões. Pela ciência, quanto mais hidrogênio-15 um animal tem, melhor posicionado no “ranking” da cadeia alimentar (ou “nível trófico”, no termo técnico) ele será.
E o megalodonte, junto de outros tubarões da época, tinha muito hidrogênio nos dentes: cerca de 20 mil predadores marinhos – 5 mil destes, tubarões – foram analisados. Onde a avaliação do próprio dente não fosse possível, registros históricos valiam para consulta. E o alto nível de hidrogênio-15 nos dentes do megalodonte contribuiu para o seu gigantismo (15 e 18 metros de comprimento e entre 35 e 50 toneladas, em média).
Um animal desse porte se sobrepõe a animais menores, o que os faz se alimentarem mais, o que amplia sua capacidade de predação.
“Tubarões como o megalodonte eram globalmente distribuídos, contribuindo com a antiga cadeia alimentar oceânica de forma que pode até ter sido maior e mais duradoura que qualquer cadeia moderna”, disse a autora primária do estudo, a Dra. Emma Kast.
A especialista elogiou a técnica utilizada, ressaltando que ela pode nos dar um entendimento panorâmico mais detalhado da vida de animais antigos em geral:
“eu adoraria encontrar um museu ou algum outro tipo de arquivo com essa ‘fotografia’ de um ecossistema – uma coleção de diferentes tipos de fósseis de uma determinada época ou local, desde os seus forames e ossos de ouvido de pequenos peixes, até os dentes do maior dos tubarões”, ela comentou. “Com isso, poderíamos fazer a mesma análise isotópica de hidrogênio e recriar toda a história de um ecossistema antigo”.
O estudo foi publicado pelo jornal científico Science Advances.