Bolsonaro mentiu durante entrevista a podcast em temas como vacina, cloroquina e urnas

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Bolsonaro afirmou que “quem se contaminou, está melhor imunizado do que quem tomou vacina”

Em entrevista ao podcast Flow, exibida na segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro mentiu durante todo o programa, principalmente sobre a pandemia de Covid-19. Bolsonaro também questionou, sem provas ou evidências, o sistema eleitoral brasileiro.

O presidente dedicou parte da entrevista a defender sua atuação durante a pandemia, que deixou, até o momento, mais de 680 mil mortos no Brasil. Um dos pontos centrais do discurso de Bolsonaro em relação à Covid-19 é a defesa da cloroquina e da hidroxicloroquina, remédios comprovadamente ineficazes contra a doença.

Bolsonaro afirmou que cloroquina “funcionou” e que o efeito do remédio contra o coronavírus seria “uma coisa imediata”.

Em 2021, um painel de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que a hidroxicloroquina — um derivado da cloroquina — não deve ser utilizada contra a Covid-19. A mesma conclusão foi alcançada por um estudo brasileiro publicado em abril deste ano no periódico científico The Lancet Regional Health – Americas.

O presidente também fez declarações sem embasamento sobre a vacina contra a Covid-19. Segundo ele, “essa agora é uma vacina experimental”. Todos os imunizantes utilizados no Brasil, no entanto, passaram por uma avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após a realização de testes sobre segurança e eficácia.

Bolsonaro ainda afirmou que “quem se contaminou, está melhor imunizado do que quem tomou vacina”. Entretanto, especialistas recomendam que mesmo quem já foi infectado deve tomar a vacina.

Para defender sua política de vacinação, o presidente disse que “fomos o país que, mesmo proporcionalmente, mais vacinou”. Dados do projeto Our World In Data, no entanto, apontam que países como Portugal, Chile, Cingapura, Uruguai e Espanha imunizaram um percentual da população maior do que o Brasil.

Urnas eletrônicas e fundo partidário

Bolsonaro também manteve os ataques ao sistema eleitoral. O presidente disse, por exemplo, que o processo de apuração brasileiro não seria “público” porque ocorreria em uma “sala cofre” do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Entretanto, a apuração de votos de cada urna ocorre de forma automática, após o término da votação, com a impressão de um boletim. Assim, é possível conferir o resultado final somando os registros de cada boletim.

Bolsonaro afirmou que chegou à Presidência “com um partido pequeno, sete segundos de televisão, sem fundo partidário”. Entretanto, O jornal O GLOBO mostrou em 2019, o então candidato valeu-se, indiretamente, de pelo menos R$ 1 milhão do fundo partidário concedido ao PSL.

Dados econômicos

O presidente também errou ao citar dados econômicos do seu governo. Segundo ele, “passamos de déficit para superávit” nas empresas estatais. Contudo, as estatais já registram lucro desde 2016.

Bolsonaro também disse o Pix foi criado pelo seu governo. Apesar do lançamento da ferramenta ter ocorrido em 2020, o projeto começou a ser concebido ainda em 2018, durante o governo de Michel Temer.

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