Permanecer nas trincheiras

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Nossos lados otimistas todos os dias preferem crer que tudo vai melhorar mas será preciso muito “orai e vigiai” para manter um estado democrático

No momento em que escrevo essas linhas o país onde nasci e vivo completa dois séculos de independência. O verbo a ser usado deveria ser “comemorar” mas diante dos desígnios do destino que nos coloca nas mãos de um verme presidencial teremos que adiar os festejos para dias melhores que espero que virão.

Nunca imaginei que depois de ver ainda criança as “comemorações” do sesquicentenário da independência em 1972 , em plena vigência da ditadura militar, eu veria, agora na envelhescência, uma festa de 200 anos tão esvaziada e desmotivada. Pior que isso, nas mãos de um fascista empedernido sem a menor noção de cidadania, empatia, respeito ao próximo.

Nossos lados otimistas todos os dias preferem crer que tudo vai melhorar mas será preciso muito “orai e vigiai” para manter um estado democrático , sem ameaças de golpes ou bravatas, com Bolsonaro apeado do poder. É redundância dizer que essa onda fascista tirou da jaula animais famintos por desordem , arautos da ignorância e da desinformação e o que nos assombra é sobretudo saber que eles são em volta de 30% do eleitorado nacional.

Dia desses, por dever de ofício, passei um aprazível final de tarde entrevistando com um amigo a venerável Luiza Erundina das poucas políticas brasileiras corretas, diretas e retas. Na prosa ela fez uma retrospectiva de sua longa trajetória de lutas e disse que do alto dos seus 87 anos nem pensa em se aposentar no momento delicado que vivemos e está em plena disputa para seu sétimo mandato como deputada federal. Em outras palavras Erundina não quer deixar as trincheiras democráticas que sempre defendeu e apesar de todos os pesares mantem-se otimista em relação ao futuro. Se a Erundina mantém seu otimismo quem sou para desandar esse pirão com meu pessimismo sexagenário? Oremos e vigiemos. (por Ricardo Soares)

VOZ DO PARÁ: Essencial todo dia!

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