Entenda: o que é a solução de dois Estados?

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
A ideia de criar dois Estados, um palestino e um israelense, na região da Palestina histórica é praticamente tão antiga quanto o conflito em si. Sua implementação parece cada vez mais distante.

Como surgiu a ideia de uma solução de dois Estados?

A solução de dois Estados, um judaico e um palestino, foi mencionada pela primeira vez na chamada Comissão Peel, criada durante o Mandato Britânico da Palestina (1922-1947). Foi ali que, em 7 de julho de 1937, foi sugerida pela primeira vez a divisão da região em dois países.

Na ocasião, os membros da comissão entrevistaram mais de cem judeus e palestinos. E chegaram a uma conclusão: há um “conflito intransponível” entre os dois grupos. Estes grupos, concluiu a comissão, não têm nada em comum. Suas aspirações nacionais eram incompatíveis. E por isso a região deveria ser dividida em dois Estados.

A ideia acabou engavetada. Mas serviu de base para todas as tentativas posteriores de resolver o conflito entre israelenses e palestinos. Em 1947, por exemplo, foi retomada pela própria Assembleia Geral da ONU, mas falhou devido à resistência dos Estados árabes, que não queriam patrocinar a ideia de um Estado de Israel.

Ao entrar em guerra no ano seguinte, ambos os lados procuraram assegurar o máximo de território possível. A guerra acabou lançando as bases para a expulsão dos palestinos da região. Com a Guerra dos Seis Dias (1967), na qual Israel ocupou a Cisjordânia e Jerusalém, a solução de dois Estados se tornou, na época, algo tido como inviável.

Quando foi reconhecido o direito dos palestinos à autodeterminação?

A ideia não voltou à pauta até 1980, quando a então Comunidade Europeia se pronunciou a favor do direito dos palestinos à autodeterminação e sugeriu uma solução de dois Estados. Foram necessárias, porém, mais de duas décadas até que o Conselho de Segurança da ONU adotasse o termo, em março de 2002.

George W. Bush foi o primeiro presidente americano a reconhecer o direito palestino à autodeterminação. E, em 2003, o tema entrou na pauta dos negociadores israelenses e palestinos no chamado Acordo de Genebra.

A base para a aproximação foi o reconhecimento implícito a Israel feito pela Organização para a Libertação da Palestina (OLP), em 1988, ao abandonar sua intenção de estabelecer um Estado palestino em todo o território do Mandato Britânico. Em vez disso, a OLP se limitou a aceitar as fronteiras das terras ocupadas em 1967.

O Hamas, grupo radical islâmico, também aderiu ao plano – pelo menos em declarações isoladas de seus líderes, como o moderado Ismael Hanijeh, que depois foi primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina entre 2006 e 2014. Outros políticos de alto escalão do Hamas adotaram esta posição, mas demandaram um referendo entre os palestinos como pré-requisito.

O que pensam israelenses e palestinos sobre a ideia?

O novo milênio viu um aumento inicial no apoio a uma solução de dois Estados entre israelenses e palestinos. No entanto, com a construção contínua de assentamentos judaicos, o apoio entre os palestinos diminuiu novamente. Em 2014, mais da metade da população se declarava contra a solução.

Esta tendência continuou nos anos seguintes. Muitos dos entrevistados também afirmaram que, tendo em vista a expansão urbana avançada no país, uma solução de dois Estados não era mais viável em nenhum caso.

Por outro lado, diante de seguidos ataques palestinos, o apoio em Israel também desmoronou. Em 2015, pouco menos da metade dos israelenses ainda era a favor do estabelecimento de dois Estados. Porém, ao mesmo tempo, a maioria dos israelenses também rejeita uma solução de um Estado. Na opinião deles, isso prejudicaria a identidade de Israel como Estado judaico.

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