Vivo fosse teria material inesgotável para o deleite de seu público leitor
Semana povoada por idiotias de toda ordem, comentários do idiota-mor, depoimentos mentirosos e vexatórios de ex-ministros na CPI da Covid,operação da PF caçando o imoral devastador do meio ambiente, e pela troca de “amabilidades” entre senadores, acusando-se, mutuamente, de canalhas. Cenas de filmes de terror de quinta e que ainda estão longe de terminar, infelizmente.
Ao assistir a tudo isso, recordei-me, de imediato, de Nelson Rodrigues, frasista de primeira, que continua atualíssimo, com seus comentários implacáveis, marcados por sarcasmo, inteligência e afiado deboche. Vivo fosse teria material inesgotável para o deleite de seu público leitor. Abaixo, uma seleta de suas frases geniais sobre idiotas, canalhas, vaidosos e temas conexos.
Há sujeitos que nascem, envelhecem e morrem sem ter jamais ousado um raciocínio próprio.
Um idiota está sempre acompanhado de outros idiotas.
O idiota é uma ‘força da natureza’. Ele chove, relampeja, venta e troveja.
Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos.
Existem situações em que até os idiotas perdem a modéstia.
O grande acontecimento do século foi a ascensão espantosa e fulminante do idiota. Em nosso século, o ‘grande homem’ pode ser, ao mesmo tempo, uma boa besta.
Desconfio muito dos veementes. Via de regra, o sujeito que esbraveja está a um milímetro do erro e da obtusidade.
Outrora, os melhores pensavam pelos idiotas; hoje, os idiotas pensam pelos melhores. Criou-se uma situação realmente trágica: ou o sujeito se submete ao idiota ou o idiota o extermina.
Antigamente, o silêncio era dos imbecis; hoje, são os melhores que emudecem. O grito, a ênfase, o gesto, o punho cerrado, estão com os idiotas de ambos os sexos.
O líder é um canalha. Dirá alguém que estou generalizando. Exato: estou generalizando…
Até os canalhas envelhecem.
Não se apresse em perdoar. A misericórdia também corrompe.
Está se deteriorando a bondade brasileira. De quinze em quinze minutos, aumenta o desgaste da nossa delicadeza.
O homem não nasceu para ser grande. Um mínimo de grandeza já o desumaniza. Por exemplo: um ministro. Não é nada, dirão. Mas o fato de ser ministro já o empalha. É como se ele tivesse algodão por dentro, e não entranhas vivas.
Hoje é muito difícil não ser canalha. Todas as pressões trabalham para o nosso aviltamento pessoal e coletivo. O brasileiro, quando não é canalha na véspera, é canalha no dia seguinte.
por Eleonora Santa Rosa
VOZ DO PARÁ: Essencial todo dia!