Desafios comuns nas capitais do Norte: infraestrutura, violência e mudanças climáticas requerem respostas integradas

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As próximas administrações precisam propor soluções integradas e inovadoras para garantir uma melhor qualidade de vida aos moradores

As capitais da Região Norte enfrentam desafios semelhantes e estruturais que exigem atenção imediata e planejamento a longo prazo. Belém, Manaus, Porto Velho e Palmas, que terão eleições em segundo turno neste domingo (27), compartilham problemas habitacionais, de saneamento e violência urbana. Além disso, a crescente vulnerabilidade decorrente das mudanças climáticas e questões de regularização fundiária ampliam a complexidade da gestão pública nesses locais. As próximas administrações precisam não apenas lidar com a continuidade de políticas públicas eficientes, mas também propor soluções integradas e inovadoras para garantir uma melhor qualidade de vida aos moradores.

Desafios habitacionais e regularização fundiária

As cidades da Região Norte crescem de forma desordenada e com baixa cobertura de políticas habitacionais. Fernando Luiz Araújo Sobrinho, professor da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em planejamento urbano, destaca que as legislações complexas e fragmentadas dificultam a regularização fundiária, institucionalizando a informalidade urbana. Esse cenário é agravado pela migração interna e internacional, especialmente em Manaus e Belém, o que pressiona ainda mais a oferta de habitação social e amplia as ocupações irregulares nas periferias.

Palmas, apesar de ser uma cidade planejada e a mais jovem capital do país, não escapou desse problema. Seu entorno metropolitano vive um rápido crescimento, impulsionado por migrações de pessoas em busca de melhores oportunidades, aumentando a demanda por infraestrutura e serviços públicos.

Saneamento e saúde pública

O saneamento básico é outro ponto crítico nas capitais da Amazônia. Sobrinho alerta que a cobertura é insuficiente, com muitas áreas urbanas sem acesso a água potável, esgotamento sanitário e coleta de resíduos. A ausência desses serviços não só prejudica a saúde pública, mas também agrava problemas sociais e ambientais. Projetos como o BRT em Belém e melhorias na mobilidade urbana ainda não saíram do papel, dificultando o deslocamento e a qualidade de vida da população.

Em Porto Velho, as emissões elevadas de gases de efeito estufa e a poluição ambiental, provocadas pela expansão do agronegócio e garimpo, representam um desafio adicional para a gestão pública, exigindo ações mais intensas na área ambiental.

Violência Urbana e Desigualdades Sociais

A violência é um dos problemas mais alarmantes da região, especialmente pelo envolvimento de facções criminosas em rotas de tráfico de drogas e armas. Segundo o Instituto Cidades Sustentáveis, as vítimas mais frequentes são jovens negros e indígenas. Em Belém e Manaus, por exemplo, a taxa de homicídios de jovens pretos é nove vezes maior do que a de brancos. Jorge Abrahão, coordenador do instituto, reforça que a desigualdade social é um dos fatores centrais a serem combatidos, com reflexos diretos na saúde, educação e oportunidades de emprego.

Mudanças Climáticas e Infraestrutura Hidroviária

As mudanças climáticas também impõem novos desafios às capitais da Região Norte. A seca prolongada afeta diretamente o transporte e a comunicação por vias fluviais, essenciais para a economia e para a vida das populações ribeirinhas. Manaus, que depende fortemente da navegação pelos rios, sofre impactos significativos com a baixa dos níveis dos cursos d’água. Porto Velho, por sua vez, tem um papel estratégico no escoamento da produção agrícola do Mato Grosso, mas precisa enfrentar os desafios decorrentes das emissões elevadas de CO₂ e da degradação ambiental.

As próximas administrações das capitais da Região Norte terão a missão de equilibrar o crescimento econômico e social com a preservação ambiental e a inclusão de políticas voltadas para as populações vulneráveis. A continuidade de políticas públicas bem-sucedidas e a articulação entre os governos municipais, estaduais e federal serão fundamentais para enfrentar os desafios de saneamento, habitação e violência. Além disso, é essencial que as políticas sejam pensadas para além de eventos pontuais, como a COP-30 em Belém, garantindo um legado duradouro para as cidades e seus habitantes.

O futuro prefeito de cada uma dessas capitais precisará não apenas gerenciar demandas imediatas, mas também planejar soluções a longo prazo para lidar com mudanças climáticas e desigualdades sociais. Só assim será possível transformar as cidades em espaços mais justos, sustentáveis e acolhedores para as gerações presentes e futuras.

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5 COMENTÁRIOS

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