Planeta em risco: novo relatório da ONU revela cenário alarmante sobre o aquecimento global

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Humanidade precisa reduzir em 42% as emissões até 2030 e em 57% até 2035

Um novo estudo divulgado pela ONU alerta para um futuro preocupante caso o ritmo atual de emissões de gases de efeito estufa não seja drasticamente reduzido. O relatório indica que o planeta pode aquecer entre 3,1°C e 3,6°C ao longo deste século, superando amplamente a meta estabelecida pelo Acordo de Paris. Para evitar essa trajetória, os países precisam intensificar seus esforços para limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais.

O Relatório sobre Lacuna de Emissões 2024, publicado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), destaca que, para manter o aquecimento global dentro da meta de 1,5°C, é necessário reduzir em 42% as emissões até 2030 e em 57% até 2035. Contudo, o cenário atual revela que, sem medidas mais rigorosas, o mundo pode enfrentar um aumento médio de temperatura de 3,1°C ao longo deste século, com até 10% de chance de que esse aumento ultrapasse os 3,6°C.

Compromissos insuficientes para conter a crise climática

Apesar de compromissos globais feitos no âmbito do Acordo de Paris, o relatório da ONU mostra que as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) para 2030 são insuficientes para limitar o aquecimento. Mesmo o cumprimento integral das metas atuais resultaria em uma elevação de 2,6°C, enquanto as metas incondicionais – obrigatórias para os signatários – ainda levariam a um aumento de 2,8°C. As políticas climáticas em vigor, se mantidas sem mudanças, poderiam empurrar o planeta para um aquecimento de 3,1°C, cenário que alarmou líderes e especialistas.

Um apelo urgente por ação

Durante a apresentação do relatório, o secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou a necessidade de ações imediatas. Ele chamou a atenção para a COP29, a próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que será realizada em novembro, como uma oportunidade crucial para avançar nas negociações e revisitar compromissos. Segundo Guterres, “estamos sem tempo”, e fechar a lacuna de emissões depende da implementação de políticas climáticas mais ambiciosas, que abranjam também um esforço financeiro significativo para viabilizar as metas estabelecidas.

Impactos das emissões no clima global

Apenas em 2023, o mundo alcançou um recorde alarmante de 57,1 gigatoneladas de CO₂ equivalente em emissões, resultado que já implica em consequências drásticas para o planeta. O relatório da ONU relaciona o aumento das emissões a desastres climáticos cada vez mais intensos e frequentes. “Em todo o mundo, as pessoas estão pagando um preço terrível”, ressaltou Guterres, relacionando o aumento das temperaturas e das emissões ao agravamento de furacões, enchentes e incêndios florestais.

Possíveis caminhos para um futuro sustentável

O relatório destaca algumas das principais ações para reduzir as emissões globais. A energia solar e eólica, por exemplo, podem diminuir as emissões em 27% até 2030 e 38% até 2035. Também aponta que práticas de conservação florestal, como a redução do desmatamento e o reflorestamento, têm o potencial de reduzir as emissões em até 20% até 2035. Essas soluções podem ser fundamentais para frear o aquecimento, mas exigem investimentos robustos e a colaboração dos países.

Desafios e custos da transição energética

Para alcançar as metas de emissões líquidas zero até 2050, o relatório da ONU estima um investimento anual de US$ 0,9 a 2,1 trilhões até 2050, o que representa um montante significativo, mas considerado viável no contexto da economia global, que movimenta cerca de US$ 110 trilhões. Esse custo inclui o investimento em tecnologias sustentáveis, transição energética e políticas de adaptação, fundamentais para alcançar os objetivos de mitigação climática.

A janela de oportunidade para limitar o aquecimento global está se fechando rapidamente. Com as atuais políticas e compromissos insuficientes, o risco de o planeta ultrapassar o limite de aquecimento de 1,5°C é iminente, trazendo consigo consequências devastadoras para o clima, a biodiversidade e a sociedade. A COP29 surge como um marco para que os países demonstrem, na prática, um compromisso renovado e realista em relação ao futuro do planeta. Cada ação agora conta não apenas para reduzir emissões, mas também para preservar vidas e ecossistemas para as gerações futuras.

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