Brasil enfrenta aumento de 3ºC e desertificação ameaça 94% do Nordeste

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Aquecimento global atinge duramente o Brasil: aumento de até 3ºC em algumas regiões preocupa especialistas

O Brasil enfrenta um aumento expressivo nas temperaturas em várias regiões, superior à média global, alertam especialistas. Com o avanço do aquecimento global, a frequência e a intensidade de ondas de calor e secas severas têm causado impactos diretos nas grandes cidades e ecossistemas, comprometendo a segurança hídrica, alimentar e climática no país.

Aquecimento acelerado e seus impactos diretos no Brasil

Nos últimos 60 anos, o Brasil registrou aumentos de temperatura superiores à média global em diversas regiões, chegando a até 3ºC na média das temperaturas máximas diárias. A informação faz parte do relatório “Mudança do Clima no Brasil – síntese atualizada e perspectivas para decisões estratégicas”, que também revela uma escalada no número de dias com ondas de calor, de sete para 52 entre as décadas de 1990 e 2020.

Esse estudo será oficialmente apresentado em Brasília e é resultado de uma colaboração entre o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação e organizações como a Rede Clima, o WWF-Brasil e o Instituto Alana. Baseado em dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) e outros estudos, o documento oferece um panorama crítico para o futuro do país e indica que eventos climáticos extremos tendem a se intensificar.

Projeções preocupantes para as próximas décadas

Com as projeções inéditas para os próximos 30 anos, o IPCC alerta que, se o limite de 2ºC de aumento global for atingido, impactos severos na saúde, na agricultura e na infraestrutura do país são inevitáveis. O Brasil poderá vivenciar um aumento de até 200% nas enchentes, e doenças transmitidas por vetores, como a dengue e a malária, podem se intensificar, colocando mais vidas em risco.

Na Amazônia, há previsão de perda de até 50% da cobertura florestal devido ao desmatamento, secas prolongadas e incêndios mais frequentes, afetando os rios e a disponibilidade hídrica. Os estados da região Norte, como Amazonas, Acre, Rondônia e Roraima, estarão entre os mais afetados. Em paralelo, o Nordeste enfrenta a possibilidade de desertificação em 94% do seu território, ameaçando a segurança alimentar e a subsistência de milhões de pessoas.

Nas grandes cidades brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, a escassez de água deve se tornar mais grave, especialmente para as 21,5 milhões de pessoas que vivem em áreas urbanas, onde o ciclo hídrico tende a ser ainda mais perturbado pelo aumento da temperatura global.

Medidas urgentes para mitigar os efeitos das mudanças climáticas

O relatório conclui que, para evitar esses cenários, o Brasil precisa atuar de forma assertiva na redução das emissões de gases do efeito estufa. As metas nacionais, segundo o estudo, não correspondem ao potencial que o país tem para combater as mudanças climáticas. A manutenção do limite de 1,5ºC no aumento da temperatura global é crucial, exigindo, entre outras ações, o fim do desmatamento em todos os biomas.

Entre as recomendações do estudo, destacam-se:

  1. Conservação Ambiental: Implementar o pagamento por serviços ambientais para incentivar a preservação da natureza e investir em agricultura de baixo carbono por meio de sistemas agroflorestais, integrando lavoura, pecuária e floresta.
  2. Gestão Hídrica e Alimentar: Adotar sistemas agrícolas resilientes e promover uma gestão integrada dos recursos hídricos, garantindo a segurança hídrica e alimentar mesmo diante das mudanças climáticas.
  3. Soluções baseadas na natureza: Ampliar as áreas verdes nas cidades para permitir drenagem natural, tornando os espaços urbanos mais permeáveis e adaptáveis às mudanças climáticas.
  4. Infraestrutura Sustentável: Investir em transporte público de baixo carbono e incentivar o uso de transportes coletivos e não motorizados, promovendo uma transição para sistemas urbanos mais sustentáveis.
  5. Cooperação Internacional: Apoiar e buscar financiamento para desenvolvimento e transferência de tecnologias limpas, unindo esforços com outras nações para reduzir as emissões globais de gases do efeito estufa.

A necessidade de ações imediatas e coletivas

Diante das evidências, o relatório “Mudança do Clima no Brasil” é um apelo à ação para governos, empresas e cidadãos. A implementação dessas medidas não apenas protegerá o Brasil de catástrofes climáticas, mas também reforçará sua posição como líder global na luta contra as mudanças climáticas. Para o futuro do planeta e das próximas gerações, o compromisso de preservar o meio ambiente e manter a temperatura global sob controle deve ser uma prioridade inegociável.

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