Por que Joe Biden autorizou ataques de longo alcance da Ucrânia contra a Rússia?

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EUA e Ucrânia na mira da Rússia: entenda o que está por trás da escalada militar

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de autorizar o uso de mísseis de longo alcance ocidentais em território russo marca um dos momentos mais críticos da escalada do conflito na Ucrânia em mais de dois anos e meio de guerra.

Enquanto os efeitos práticos no campo de batalha ainda são incertos, as consequências políticas já são intensas. Moscou reagiu imediatamente, insinuando o uso de armas nucleares. Nos Estados Unidos, conservadores acusam Biden de flertar com uma Terceira Guerra Mundial, enquanto liberais demonstram aprovação cautelosa. O único que parece estar completamente satisfeito é o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, cuja confiança contrasta com a realidade no terreno, que não sugere uma vitória iminente.

Mas qual o impacto dessa decisão no futuro da guerra? E por que Biden optou por uma estratégia tão arriscada agora?

Mísseis, soldados e eficácia limitada

Desde o início de 2023, a Ucrânia vem utilizando sistemas avançados como os mísseis Storm Shadow e ATACMS. Contudo, os ataques contra instalações militares russas, incluindo na Crimeia, têm tido resultados limitados. Relatórios indicam que a Ucrânia possui estoques reduzidos: menos de 50 ATACMS e cerca de 100 Storm Shadow/SCALPs, segundo fontes como The Times e The Telegraph.

A escassez de armamento levanta dúvidas sobre a eficácia da estratégia. Se os ataques são insuficientes para alterar o curso da guerra e acarretam o risco de represálias significativas por parte de Moscou, o custo-benefício dessa decisão se torna questionável. Do ponto de vista militar, a medida parece mais política do que estratégica.

Motivação política: um cálculo eleitoral?

Há quem veja nessa decisão um movimento político para enfraquecer os esforços do ex-presidente Donald Trump, que prometeu negociar a paz entre Moscou e Kiev caso retorne ao poder. A ideia é que, ao provocar a Rússia, Biden força Vladimir Putin a intensificar o conflito, dificultando a posição de Trump como um mediador bem-sucedido.

No entanto, essa abordagem pode sair pela culatra. O desgaste do público americano com a guerra na Ucrânia já é perceptível, e qualquer percepção de imprudência pode beneficiar Trump, que poderia se apresentar como o líder que acabou com o conflito e evitou uma guerra global.

Por outro lado, Biden pode estar apostando em outra lógica: reforçar as posições ucranianas para que Kiev tenha mais poder de barganha quando as negociações inevitáveis começarem. Nesse contexto, a decisão de Biden não seria exatamente irracional, mas uma forma de “comprar tempo”.

O papel da Rússia e a escalada nuclear

A resposta de Moscou tem sido, em grande parte, política. O endurecimento do discurso nuclear e o lançamento do novo míssil hipersônico Oreshnik são mensagens claras para o Ocidente. Embora as “linhas vermelhas” da Rússia pareçam enfraquecidas, essas medidas visam dissuadir ações mais ousadas de Washington e seus aliados.

No entanto, a questão permanece: até onde Moscou está disposta a ir? E como o Ocidente reagirá caso a Rússia decida intensificar ainda mais sua postura militar?

Riscos calculados ou imprudência?

A autorização de Biden para ataques de longo alcance contra a Rússia não parece ser apenas uma tentativa de vitória militar, mas um movimento estratégico para moldar o cenário político e diplomático antes de sua saída do cargo. No entanto, a decisão carrega riscos substanciais: retaliações russas mais agressivas, aumento das tensões globais e o fortalecimento de narrativas contrárias à sua administração nos Estados Unidos.

Seja qual for o desfecho, o gesto de Biden evidencia a complexidade e a imprevisibilidade do conflito na Ucrânia, bem como os desafios que líderes mundiais enfrentam ao tentar equilibrar interesses militares e políticos em um cenário de guerra prolongada.

 

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