Dívida pública brasileira ultrapassa R$ 7 trilhões e é impulsionada por juros altos e dólar valorizado

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Juros elevados e valorização do dólar pressionam o endividamento, mas colchão financeiro do governo aumenta

A Dívida Pública Federal (DPF) voltou a superar a marca de R$ 7 trilhões em outubro, alcançando R$ 7,073 trilhões, o que representa um aumento de 1,8% em relação aos R$ 6,948 trilhões registrados no mês anterior. Esse crescimento é principalmente atribuído ao impacto da alta da Taxa Selic, que se mantém elevada em 11,25% ao ano, e à valorização do dólar, que afetou a dívida externa do Brasil. O dado foi divulgado nesta sexta-feira (29) pelo Tesouro Nacional.

Com esse aumento, a DPF está dentro da faixa prevista pelo Plano Anual de Financiamento (PAF), que estima que o estoque da dívida encerre 2024 entre R$ 7 trilhões e R$ 7,4 trilhões. Essa projeção tem como base a política de emissão de títulos da dívida e a dinâmica de juros e câmbio.

Juros altos e impacto no endividamento

O principal fator que contribuiu para o crescimento da dívida foi a apropriação de juros, que adicionou R$ 64,84 bilhões ao estoque da DPF em outubro. Com a Selic elevada, o governo tem que pagar mais juros sobre os títulos da dívida interna, o que pressiona o saldo da dívida. Além disso, o Tesouro emitiu R$ 109,8 bilhões em títulos da Dívida Pública Mobiliária (DPMFi), sendo que R$ 70,33 bilhões foram destinados a papéis atrelados à Taxa Selic, em um esforço para atender à demanda por esses títulos de rentabilidade mais atraente.

A Dívida Pública Externa (DPFe), que é influenciada pelo câmbio, também registrou um aumento significativo de 5,82%, subindo de R$ 307,34 bilhões para R$ 325,22 bilhões. Esse aumento foi impulsionado pela valorização do dólar, que subiu 6,05% no mês de outubro, refletindo o impacto das incertezas políticas internacionais e o atraso na redução dos juros nos Estados Unidos.

Aumento do colchão da dívida

Após uma queda em setembro, o “colchão da dívida”, que é uma reserva financeira destinada a cobrir imprevistos ou momentos de turbulência, aumentou para R$ 822 bilhões em outubro, comparado aos R$ 785 bilhões do mês anterior. Esse colchão agora é capaz de cobrir 6,86 meses de vencimentos da dívida pública, o que proporciona um maior grau de segurança para o governo no gerenciamento de suas obrigações financeiras.

Nos próximos 12 meses, o Tesouro Nacional prevê o vencimento de aproximadamente R$ 1,28 trilhão da DPF, o que exige um gerenciamento cuidadoso das emissões e resgates de títulos para garantir o cumprimento desses compromissos.

Composição da dívida e perfil dos investidores

A composição da Dívida Pública Federal também passou por ajustes em outubro. A maior parte da dívida continua atrelada à Taxa Selic, que responde por 45,91% do total, um aumento em relação aos 45,33% registrados em setembro. Esse tipo de título tem atraído maior interesse dos investidores devido à alta da Selic, que torna esses papéis mais rentáveis.

Por outro lado, a proporção de títulos prefixados (aqueles com taxa de juros definida no momento da emissão) diminuiu de 23,01% para 22,19%, refletindo uma menor demanda por esses papéis em um cenário de juros elevados e instabilidade econômica. A participação de títulos corrigidos pela inflação também subiu ligeiramente, de 27,25% para 27,31%.

Apesar das turbulências no mercado, a participação de investidores estrangeiros na dívida pública aumentou, passando de 10,5% para 10,7%. Esse é o maior percentual de estrangeiros detentores de títulos da dívida pública brasileira desde dezembro de 2018.

Prazo e detentores da dívida

O prazo médio da dívida pública caiu ligeiramente, de 4,18 para 4,16 anos, o que significa que o governo tem refinanciado suas obrigações com um prazo um pouco mais curto, refletindo as condições do mercado e a confiança dos investidores.

As instituições financeiras continuam sendo os maiores detentores da dívida interna, com 28,6% do total, seguidas pelos fundos de pensão (23,7%) e os fundos de investimento (22,4%). A participação dos investidores estrangeiros segue crescendo, apesar do cenário de volatilidade, o que indica que a dívida pública brasileira continua atraente para o capital internacional.

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