Com início tardio, o fenômeno La Niña promete efeitos diversos no Brasil, incluindo mais chuvas na Amazônia e estiagens preocupantes no Sul
Após meses de incertezas, o fenômeno climático La Niña finalmente se estabeleceu no Oceano Pacífico, trazendo expectativas de alterações significativas nos padrões de chuva e temperatura em diversas partes do Brasil e do mundo. Segundo a MetSul Meteorologia, a declaração oficial pela NOAA, agência norte-americana de clima, deve ocorrer nos próximos dias, ainda em dezembro ou no início de janeiro de 2025.
O evento é considerado raro por ter começado de forma tão tardia no calendário, sendo possivelmente o mais atrasado em 50 anos. Embora sua duração seja estimada entre três e cinco meses, os efeitos da La Niña devem começar a ser sentidos já no início de 2025, impactando de maneira diferente cada região do Brasil.
O que é La Niña?
La Niña é um fenômeno caracterizado pelo resfriamento anômalo das águas superficiais do Oceano Pacífico tropical, acompanhado de alterações na circulação atmosférica global, conhecidas como circulação de Walker. Durante sua ocorrência, ventos alísios mais fortes e mudanças nos padrões de precipitação são comuns, como o aumento de chuvas na Indonésia e redução no Pacífico Central.
No atual evento, as anomalias de temperatura do Pacífico Centro-Leste já atingiram -1,1 °C, confirmando os critérios clássicos do fenômeno. Esse resfriamento tem potencial para alterar o equilíbrio climático global, reduzindo a temperatura média planetária, mas sem compensar os efeitos do aquecimento global.
Impactos no Brasil
A La Niña costuma redistribuir os padrões de chuva pelo Brasil de forma marcante. Para o Norte e o Nordeste, o fenômeno pode significar um aumento nas chuvas, especialmente na Amazônia, que já se prepara para um início de 2025 com precipitações acima da média. Este aumento pode beneficiar áreas afetadas por secas, mas também traz riscos de enchentes e deslizamentos em algumas regiões.
Em contrapartida, o Sul do Brasil, particularmente o Rio Grande do Sul, enfrenta um cenário de alerta. A previsão é de redução das chuvas, com risco de estiagens prolongadas que podem impactar a agricultura e os recursos hídricos. A irregularidade das chuvas no verão aumenta as preocupações, especialmente em áreas agrícolas críticas.
Efeitos globais e climáticos
O alcance da La Niña vai além do Brasil. Em escala global, o fenômeno tende a reduzir ligeiramente as temperaturas médias do planeta devido ao resfriamento das águas do Pacífico. No entanto, as temperaturas atuais, influenciadas pelo aquecimento global, continuam superiores às registradas em eventos similares de décadas anteriores.
Para o Brasil, além das mudanças climáticas regionais, os efeitos incluem maior probabilidade de ondas de calor no Sul e temperaturas extremas no verão. Já o aumento das chuvas no Nordeste pode ser um alívio para regiões historicamente afetadas pela seca.
Um cenário de adaptação e resiliência
Enquanto a La Niña desenha cenários climáticos distintos, os dados reforçam a necessidade de planejamento e resiliência. O impacto do fenômeno, embora curto, exige atenção especial às áreas vulneráveis, tanto para evitar perdas agrícolas quanto para mitigar os efeitos de enchentes e eventos extremos em regiões mais afetadas.
La Niña chega tarde, mas promete transformar o clima: chuvas na Amazônia, estiagem no Sul e mudanças globais à vista.