Ex-primeiro-ministro do Canadá responde a sugestões de anexação feitas por Trump
Jean Chrétien, ex-primeiro-ministro do Canadá e uma das figuras mais proeminentes da política canadense, reagiu com veemência às recentes declarações do presidente-eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que sugeriu a anexação do país vizinho. Em um artigo publicado no Globe and Mail, Chrétien, que completou 91 anos no dia da publicação, não poupou palavras ao se dirigir diretamente a Trump: “De um velho para outro: Balance a na cabeça! O que o faria pensar que os canadenses algum dia desistiriam do melhor país do mundo para se juntar aos Estados Unidos?”
Desafios à soberania canadense
A provocação de Trump, que inclui a sugestão de transformar o Canadá em parte dos Estados Unidos, foi classificada por Chrétien como uma “insulto totalmente inaceitável e uma ameaça sem precedentes à nossa soberania”. O ex-líder canadense reiterou que, embora o Canadá seja frequentemente visto como um país tranquilo e moderado, ele possui “coluna vertebral e resistência”, deixando claro que o país não cederia a pressões externas.
Chrétien não limitou suas críticas às palavras de Trump, mas também exortou os políticos canadenses a tomarem uma postura mais ativa diante da crescente hostilidade do governo dos EUA. Para ele, não basta apenas manifestar oposição a essas ideias, mas é necessário adotar uma postura ofensiva para quebrar o “ciclo de chantagem” imposto pelo presidente-eleito.
Ação do Canadá e a formação de alianças
Em sua análise, o ex-primeiro-ministro sugeriu que o Canadá deveria começar a abordar questões como o tráfico ilegal de armas vindas dos EUA e a recusa de Washington em reconhecer o Passagem do Noroeste como águas territoriais canadenses. Chrétien também argumentou que o Canadá deveria se unir a outros países que têm enfrentado as mesmas pressões territoriais e comerciais de Trump, como Panamá, México, Dinamarca e a União Europeia. “O Canadá precisa ser mais assertivo e se alinhar com aliados que compartilham nossos interesses”, escreveu.
A constante ameaça de Trump
Desde sua vitória nas eleições de 5 de novembro, Trump tem repetido suas ameaças de anexação do Canadá e, mais recentemente, sugeriu impor tarifas de 25% sobre os bens canadenses para corrigir o que ele vê como um desequilíbrio comercial. Em uma publicação em sua plataforma Truth Social, o presidente-eleito publicou um mapa com o território dos EUA e Canadá unidos sob a mesma bandeira, com a palavra “Estados Unidos” estampada por toda a área.
Em resposta a essas declarações, o primeiro-ministro Justin Trudeau, ainda no cargo, afirmou: “Não há a menor chance de o Canadá se tornar parte dos Estados Unidos.” Da mesma forma, Pierre Poilievre, líder do Partido Conservador, reagiu energicamente às sugestões de Trump, afirmando que “o Canadá nunca será o 51º estado. Ponto. Somos um grande país independente.”
A resistência canadense
As palavras de Chrétien, acompanhadas das respostas de Trudeau e Poilievre, evidenciam a unidade da classe política canadense em torno da defesa da soberania nacional frente a provocações externas. Em um momento de crescente polarização mundial e desafios diplomáticos, o Canadá se mantém firme em sua posição de nação independente e soberana, rejeitando as propostas de anexação feitas por Trump e outros ataques à sua integridade territorial.
O ex-primeiro-ministro concluiu seu artigo enfatizando a importância de o Canadá se afirmar no cenário internacional e responder às provocações com firmeza, sem abrir mão de sua autonomia e identidade nacional.