Governo prepara MP para recalibrar IOF e aumentar arrecadação

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Nova MP  tributa apostas a 18%, acaba com isenção de LCI/LCA e aumenta CSLL de bancos

Em uma manobra para conter a crise política gerada pela reforma do IOF, o governo federal enviará ao Congresso uma Medida Provisória que recalibra o sistema tributário do mercado financeiro. Anunciada pelo ministro Fernando Haddad após reunião com os presidentes do Congresso, a medida cria um “pacote de compensação”: reduz o polêmico decreto do IOF, mas impõe novas taxações a apostas eletrônicas, títulos de crédito e instituições financeiras. O impacto estimado é de R$ 26,7 bilhões até 2026.

O fim da era de ouro das “Bets”
A MP estabelece:

  • Tributação de 18% sobre o Gross Gaming Revenue (receita bruta) das operadoras de apostas

  • Aumento significativo em relação aos 12% atuais

  • Regra valerá sobre a diferença entre arrecadação e pagamento de prêmios
    “O setor passa a ter uma carga efetiva maior que a de vários setores industriais”, analisa tributarista ouvido pela reportagem.

Investidores perdem isenção histórica
Mudança estrutural atinge títulos populares:

  • LCI e LCA, até agora isentos, passarão a ter tributação de 5%

  • Objetivo declarado: reduzir “distorções” no mercado de crédito

  • Tesouro Nacional argumenta que isenções prejudicavam captação
    “Esses papéis manterão vantagem frente a títulos públicos, mas deixam o patamar de paraíso fiscal”, explica Haddad.

Bancos sob carga tributária pesada
Ajuste na Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL):

  • Alíquotas unificadas em 15% ou 20% para instituições financeiras

  • Extinção da faixa de 9%, vigente para parte do setor
    Medida amplia base de arrecadação em um dos segmentos mais lucrativos da economia.

O recuo tático no IOF
A MP surge como contrapartida à revogação do decreto que alterava o Imposto sobre Operações Financeiras:

  • Parte fixa do “risco sacado” será eliminada

  • Componente diário será “recalibrado” segundo Haddad

  • Presidente da Câmara, Hugo Motta, classificou o decreto original como “gerador de ambiente adverso”
    “É uma compensação financeira menos danosa”, admitiu Motta sobre o novo pacote.

A engrenagem fiscal por trás da MP
O governo busca:

  • Reduzir em 10% os “gastos tributários” (renúncias fiscais)

  • Abrir diálogo sobre controle de despesas primárias

  • Enfrentar o crescimento de despesas obrigatórias contraídas por governos anteriores
    “Contratamos gastos sem fonte de financiamento há anos. Agora a conta chega”, justificou o ministro.

Próximo ato: o Congresso no centro
A MP precisará ser votada em 120 dias para não perder validade. Enquanto isso:

  • Legislativo promete revisar isenções fiscais (estimadas em R$ 800 bi)

  • Bancada financeira já sinaliza resistência ao aumento da CSLL

  • Setor de apostas prepara campanha contra a taxação recorde
    O pacote acalma a crise política imediata, mas inicia uma nova batalha sobre quem financiará o ajuste fiscal – apostadores, investidores de classe média ou o sistema financeiro.

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