Da Guerra Fria ao Armagedom: Rússia e OTAN caminham para guerra nuclear

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A política externa americana é guiada por interesses econômicos e estratégicos que escapam ao controle democrático”, diz Sachs

Um ataque audacioso contra bombardeiros nucleares russos, supostamente apoiado por inteligência ocidental, reacendeu temores de uma escalada bélica sem precedentes. Em entrevista ao programa internacional de debates, o renomado analista Jeffrey Sachs expôs a deterioração da diplomacia global e o enfraquecimento dos movimentos pacifistas, alertando para a perigosa indiferença de governos e mídia diante de provocações que desafiam a estabilidade nuclear. O que levou o mundo a esse ponto? Como a arrogância do poder e a ausência de diálogo colocam a humanidade em risco?

O colapso do diálogo internacional
A diplomacia da Guerra Fria: um passado de prudência
Durante a Guerra Fria, mesmo em meio a tensões extremas, como a Crise dos Mísseis de Cuba, Estados Unidos e União Soviética mantinham canais abertos de diálogo. Preocupações de segurança mútua eram discutidas, e tratados de controle de armas nucleares garantiam uma frágil estabilidade. “Naquela época, havia bom senso em dialogar com o adversário”, afirmou Sachs. Hoje, essa prática foi substituída por provocações unilaterais e narrativas belicistas.

Ataque à Rússia: uma provocação nuclear

O recente ataque ucraniano a bombardeiros estratégicos russos, expostos por acordos de monitoramento nuclear, foi descrito como uma “provocação de proporções extraordinárias”. Fontes confiáveis sugerem envolvimento de agências de inteligência ocidentais, como a CIA e o MI6, embora nenhuma confirmação oficial tenha sido divulgada. Para Sachs , o mais alarmante é a reação: em vez de preocupação, a mídia ocidental celebra o evento como uma vitória tática, ignorando o risco de desestabilizar o equilíbrio nuclear global.


A arrogância do poder e o abandono de tratados
O legado da hegemonia americana

Desde o colapso da União Soviética em 1991, os Estados Unidos adotaram uma postura de hegemonia incontestável. “A arrogância do aparato de segurança americano e da CIA tomou conta”, analisou Sachs. Essa mentalidade levou ao abandono de acordos cruciais, como o Tratado de Mísseis Antibalísticos em 2002 e o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário em 2019. O colapso do acordo New Start, último marco de controle de armas entre as superpotências, agravou a vulnerabilidade global.

A mídia e a narrativa belicista
A cobertura midiática, segundo Sachs, reflete uma “leviandade chocante”. Jornais como The New York Times e The Washington Post evitam questionar a gravidade de ações como o ataque russo, tratando-as como jogadas estratégicas. Essa omissão, combinada com a falta de oposição política significativa, alimenta um ciclo de escalada. “Não há reflexão sobre os riscos de uma guerra nuclear”, lamentou o analista.

O vácuo da oposição pacifista
Onde estão os movimentos pela paz?

Durante a Guerra Fria, movimentos pacifistas desempenhavam um papel central na contenção de conflitos. Hoje, esses grupos estão enfraquecidos ou cooptados por narrativas que equiparam a paz à derrota de adversários. “Se você critica a guerra, é rotulado como pró-Rússia”, observou Sachs, apontando para a polarização que silencia vozes contrárias. Líderes como Keir Starmer e Emmanuel Macron, impopulares em seus países, parecem alheios à opinião pública, que rejeita a escalada belicista.

O papel do “deep state”

Sachs atribui parte dessa dinâmica ao chamado “deep state” – instituições não eleitas, como a CIA, que operam com pouca transparência. “A política externa americana é guiada por interesses econômicos e estratégicos que escapam ao controle democrático”, explicou. A ausência de responsabilidade política e a manipulação midiática criam um ambiente onde a guerra é normalizada, mesmo sem apoio popular.

Os riscos de uma escalada nuclear
A resposta russa: moderação ou retaliação?

O ataque aos bombardeiros russos coloca a Rússia em uma encruzilhada. A moderação, essencial para a paz, pode ser interpretada como fraqueza, incentivando mais agressões. O ex-presidente Dmitry Medvedev sugeriu que o regime ucraniano “deve acabar”, sinalizando uma possível escalada militar. Sachs alerta que, sem uma resposta convincente, a dissuasão nuclear – pilar da estabilidade global – pode colapsar.

Um mundo multipolar ignorado

A mentalidade unipolar dos Estados Unidos, herdada do século 19 britânico, ignora a realidade de um mundo multipolar. “Os EUA agem como se fossem imunes às consequências de suas provocações”, disse Sachs. Essa visão, combinada com a rejeição da diplomacia, aumenta o risco de conflitos com potências como Rússia, China e Irã, cada uma com preocupações de segurança legítimas que o Ocidente se recusa a reconhecer.

O chamado urgente pela diplomacia

O ataque aos bombardeiros russos é mais do que um incidente isolado; é um sintoma de uma crise mais profunda na ordem global. A arrogância do poder, o abandono de tratados e a ausência de diálogo criam um cenário onde a guerra nuclear, outrora impensável, torna-se uma possibilidade real. Jeffrey Sachs apela por uma retomada urgente da diplomacia, que reconheça as preocupações de segurança de todos os lados. Sem isso, o mundo caminha para um precipício, guiado por uma mídia complacente e líderes desconectados da vontade popular. A pergunta que resta é: haverá tempo para reverter essa trajetória?
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