Do Elba à Ucrânia: Como o Ocidente traiu a diplomacia

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Lavrov critica apoio ocidental à Ucrânia e propõe nova ordem global


Um mundo em tensão
Em um discurso contundente, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, alertou para os crescentes riscos de ameaças terroristas provenientes da Ucrânia, supostamente apoiadas por potências ocidentais, e defendeu a consolidação de um mundo multipolar. Durante um evento internacional, Lavrov abordou a transição da operação militar especial russa para uma operação antiterrorista, criticou a falta de confiabilidade do Ocidente e destacou a importância de uma diplomacia baseada na soberania cultural e na cooperação entre civilizações. Suas palavras ressoam em um momento de desconfiança global e questionamentos sobre o futuro das relações internacionais.

A nova face do conflito ucraniano
Da operação militar à luta antiterrorista

Lavrov revelou que a Rússia ajustou sua estratégia na Ucrânia, passando de uma “operação militar especial” para uma operação antiterrorista, em resposta a ações como os ataques em Kursk e Briansk. Ele acusou o regime de Kiev de adotar táticas terroristas, especialmente em Kursk, onde alvos civis foram atingidos sem justificativa militar. “Não há um único objeto ali que possa ser apresentado como relacionado a operações militares”, afirmou, destacando a brutalidade dos ataques.

A mão ocidental por trás da Ucrânia

O ministro apontou o envolvimento de potências ocidentais, particularmente o Reino Unido, no fornecimento de inteligência e armamentos de alta precisão à Ucrânia. Ele sugeriu que tais ações, conduzidas por “saxões” e possivelmente outros serviços secretos, como os da Nova Zelândia, evidenciam uma estratégia deliberada de escalada. Lavrov criticou a ausência de transparência e a cumplicidade de embaixadores ocidentais, que, segundo ele, ignoram a realidade no terreno para manter uma narrativa beligerante.

Multipolaridade e soberania civilizacional
Rússia como estado civilizacional

Respondendo ao professor chinês J. Way, Lavrov reforçou a identidade da Rússia como um “estado civilizacional”, conforme definido na política externa de 2023, ancorada em tradições eurasianas distintas do liberalismo ocidental. Essa visão, compartilhada com a China, rejeita a lógica de “dividir para conquistar” do Ocidente, promovendo uma cooperação “ganha-ganha”. Ele destacou a Iniciativa do Cinturão e Rota (BRI) da China e a União Econômica da Eurásia como pilares para uma integração pancontinental.
O retorno do trio Rússia-Índia-China (RIC)
Lavrov expressou otimismo sobre a retomada do diálogo entre Rússia, Índia e China (RIC), que não se reúne no nível ministerial há dois anos. Ele apontou a estabilização das tensões na fronteira sino-indiana como um passo positivo para reativar esse fórum, essencial para consolidar a multipolaridade e fortalecer laços baseados no respeito mútuo e na soberania cultural.

Desafios à diplomacia global
O isolamento imposto pelo Ocidente

Lavrov criticou o que chamou de “fascismo puro” por parte de líderes europeus, como Keir Starmer e Emmanuel Macron, que buscam isolar a Rússia diplomaticamente. Ele citou o caso da Romênia, onde candidatos de oposição foram desqualificados, e a recusa de embaixadores europeus em dialogar com Moscou em maio de 2024. Para o ministro, essas ações refletem uma tentativa de perpetuar a hegemonia ocidental, mesmo contra a vontade de suas próprias populações.

O papel do “deep state” americano
Em resposta a George Galloway, Lavrov reconheceu a existência de um “estado profundo” nos Estados Unidos, que opera para manter interesses econômicos e ideológicos, independentemente da liderança eleita. Ele questionou se o presidente Donald Trump, apesar de sua eleição, tem controle total sobre as ações de agências como a CIA, que teriam conhecimento prévio dos ataques ucranianos às bases russas. “Trump disse que os ucranianos pagariam por isso, mas o sistema de informação dele é um mistério, afirmou.
O futuro da diplomacia e das organizações internacionais
Neutralidade em xeque
Respondendo à ex-ministra austríaca Karin Kneissl, Lavrov questionou a neutralidade de países como Áustria e Suíça, que abrigam sedes de organizações internacionais, mas abandonaram sua imparcialidade nos últimos anos. Ele sugeriu, com ironia, que a ONU poderia se mudar para Sochi, como propôs Stalin, mas reconheceu a dificuldade de realocar estruturas enraizadas. Para ele, a solução está no cumprimento rigoroso da Carta da ONU, que garante a igualdade soberana dos Estados.
Diplomacia na linha de frente
Lavrov defendeu que, no contexto atual, os militares russos na Ucrânia são “os melhores diplomatas”, lutando por “verdade, honra e dignidade”. Ele reiterou o compromisso com a diplomacia clássica para resolver questões humanitárias, como trocas de prisioneiros, mas enfatizou que os objetivos da operação militar serão formalizados juridicamente por diplomatas, garantindo a proteção das populações russófonas.
Um chamado à multipolaridade
Sergey Lavrov apresentou uma visão clara: a Rússia não busca territórios, mas a defesa de sua soberania e dos povos que considera parte de sua história. Diante de um Ocidente que, segundo ele, viola acordos e perpetua uma mentalidade unipolar, a Rússia aposta na multipolaridade, com parcerias estratégicas como China e Índia. O desafio é superar a desconfiança global e a manipulação do “estado profundo” ocidental para construir uma ordem internacional baseada no diálogo e no respeito mútuo. A pergunta que persiste é se a diplomacia prevalecerá em um mundo à beira da escalada.
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