Lúcifer – Temporada 5B

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Humanizaram Deus? Ressuscitaram personagens? Que final foi esse? E depois falam de Game of Thrones…

SPOILER ALERT!

E lá estávamos nós, aguardando ansiosamente pela última parte da última temporada de Lúcifer. O Todo Poderoso havia chegado para, aparentemente colocar ordem na casa, já que Miguel (Tom Ellis) estava tocando o terror aqui na Terra e infernizando a vida de seu irmão gêmeo, Samael – ou Lúcifer (Tom Ellis), para os mais íntimos. Que ironia, não?

A última cena a que havíamos assistido acontecia na delegacia da LAPD e Miguel interrompia uma conversa importante entre Chloe (Lauren German) e Lúcifer que girava em torno da incapacidade do diabo conseguir dizer aquelas três palavras que a detetive queria tanto ouvir: eu te amo. E aí Amenadiel (D.B. Woodside) chegou, congelou o tempo e blá, blá, blá. Foi aí que Deus (Dennis Haysbert) finalmente apareceu.

O que esperávamos

Era de se esperar que com uma meia temporada de oito episódios os criadores não fossem desperdiçar tempo com nada desnecessário – ainda mais levando em conta a longuíssima terceira parte com seus fracos vinte e seis episódios -, mas por incrível que pareça, não foi o que aconteceu.

Sendo assim, minutos preciosos foram jogados fora com subtramas totalmente inúteis, irrelevantes e sem sentido. Dedicar um episódio inteiro a Dan (Kevin Alejandro) na última temporada, por exemplo, só mostram o quanto faltavam ideias para o fechamento do seriado. Dan era um bom personagem (ainda que chato), mas em nenhum momento foi tão importante ou interessante a ponto de merecer um cenário que nos mostrasse sua casa – eu pelo menos, acharia muito mais agradável conhecer a casa de Ella (Aimee Garcia), muito mais divertida e cativante do que o detetive. E como se não bastasse o foco central do episódio (ou seja, Dan), o próprio episódio foi muito chato.

O que esperávamos, na verdade, era que Deus chegasse em toda sua glória. Eram inúmeras as possibilidade que os criadores poderiam explorar com um personagem tão… onipotente em mãos! E no entanto, preferiram humanizar o ser mais poderoso do Universo e apresentar um Deus tão complexado quanto seus filhos. É mole? Que fizessem isso com Lúcifer, Miguel, Eva (Inbar Lavi), Caim (Tom Welling) e todos os outros, tudo bem, deu certo, como mostraram as primeiras temporadas que justificaram o sucesso da série. Mas como pensar que isso funcionaria com Deus?

Ora, nós sabemos que o seriado é todo baseado no Antigo Testamento, portanto faria muito mais sentido um Todo Poderoso muito mais furioso do que o ser tão sereno e quase subserviente que vimos.

Os musicais

E esse Deus não é só sereno, ele também é fã de musicais. Ok, a música é coisa divina e todos sabemos disso. As cenas de canto e dança talvez tenham sido a melhor coisa da temporada. Além da excelente trilha sonora que ouvimos – e disso não se pode reclamar -, como não se derreter com a voz e a sensualidade de Tom Ellis cantando ao piano, não se divertir com os movimentos da engraçadíssima Ella e não se chocar com o quanto Maze (Lesley-Ann Brandt) é provocativa?

Porém, até isso durou pouco, dois ou três episódios, os musicais logo sendo substituídos por aquelas inexplicáveis subtramas mencionadas acima. Shame!

Personagens antigos ressuscitando

E por falar nas subtramas, por que, meu Deus, por que foram ressuscitar Eva (Inbar Lavi) e Charlotte (Tricia Helfer)? Seus arcos já tinha sido finalizados (ainda que de forma esquisita também). Faltavam ideias e personagens bíblicos para explorar? Aparentemente sim. E Trixie (Scarlett Estevez), que já havia sido colocada para escanteio sem qualquer explicação há muito tempo, de repente retorna apenas para fazer parte do melodrama de seus pais, outra coisa totalmente desnecessária.

Nós já tínhamos esperando tanto tempo para que Chloe e Lúcifer ficassem juntos e, quando isso finalmente acontece, na última temporada não há sequer uma cena quente entre os dois. Pelo amor de Deus, né? E agora Lúcifer está complexado pelo fato de achar que não é capaz de amar, deixando Chloe completamente sem ação. Péssimo.

E eu já mencionei que mataram o Dan? Pois é, mataram o Dan! Precisava disso, produção? Por esse motivo, Trixie derramou umas poucas lágrimas e então… Pufff! Sumiu de novo.

Deus se aposentando?!

E como se isso não bastasse, Deus anuncia que vai se aposentar! Quero dizer… Quê?! Fala sério, né? Aí forçou demais. O Todo Poderoso não só não resolveu a questão que o trouxe à Terra como ainda passou o cargo para… qualquer-um-dos-seus-filhos-problemáticos-e-eles-que-resolvessem? Sinceramente, fracasso total.

Foi nesse ponto que uma série tão divertida e irreverente, que já estava indo ladeira abaixo, caiu em queda livre justamente em seu fechamento.

Lúcifer se torna Deus?!

E Lúcifer se tornou Deus depois de uma luta ridícula com Miguel e seus outros irmãos, anjos estranhos com roupas medievais. Nem toda a irreverência do mundo consegue justificar isso. Tudo bem que amamos esse diabo lindo, sexy, charmoso e egocêntrico, mas daí ele se transformar em Deus, são outros quinhentos. Nem com toda a terapia do mundo – o quão poderosa Linda (Rachael Harris) pode ser? – ele teria condições de assumir o comando do Universo.

Meu Deus, que final…

E por falar em egocentrismo… Não há quem me faça engolir aquela última frase que Lúcifer soltou, concluin. Oh my me? Alguém, por favor, apague esse final de Lúcifer. E depois falam de Game of thrones.

Publicado originalmente em O Cinema é

VOZ DO PARÁ: Essencial todo!

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