Parlamento de Israel tira Netanyahu do poder após 12 anos; Bennet é o novo primeiro-ministro

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Netanyahu, de 71 anos, está sendo julgado há um ano por suposta corrupção. Os protestos pedindo sua renúncia continuam, o último deles na noite de sábado

Israel iniciou, neste domingo (13), uma nova etapa de sua história com uma votação apertada no Parlamento para ratificar uma “coalizão de mudança” formada por rivais ideológicos unidos para tirar Benjamin Netanyahu do poder.

O direitista Naftali Bennet, apoiado por uma aliança que vai da esquerda à direita e inclui partidos árabes, obteve o voto favorável de 60 dos 119 deputados presentes (dos 120 totais), e 59 contra, pertencentes ao Likud, do chefe de governo cessante, e aos grupos de extrema direita e ultraortodoxos.

O Knesset se reuniu em sessão especial pouco depois das 16h (10h00 de Brasília) para que o centrista e líder da oposição Yair Lapid e o chefe da direita radical Naftali Bennett apresentassem sua equipe, antes da votação.

“Entendo que hoje não é um dia fácil para muitos, mas também não é um dia de luto, é um dia de mudança, de mudança de regime no marco de uma democracia “, indicou o líder radical da direita em seu discurso ao Knesset.

“Prometo que este governo funcionará para o país como um todo, ninguém deve ter medo”, acrescentou.

Ele também alertou que seu governo não deixará “o Irã desenvolver armas nucleares” e “reserva absoluta liberdade de ação” contra Teerã.

Já o chefe de Governo cessante, Benjamin Netanyahu, disse ao parlamento que continuará na política e prometeu que retornará ao poder “em breve”.

“Se o nosso destino é estar na oposição, faremos isso de cabeça erguida, derrubaremos esse mau governo e voltaremos a liderar o país do nosso jeito (…) Voltaremos logo!”, garantiu.

Antes da votação aprovada pelo governo da coalizão heterogênea (dois partidos de esquerda, dois de centro, três de direita e uma formação árabe) o Lapid tuitou “a manhã da mudança”.

O primeiro-ministro, por sua vez, publicou na mesma rede social uma foto com o falecido rabino Menachem Mendel Schneerson, que lhe desejou “sucesso” em suas lutas.

Netanyahu, de 71 anos, está sendo julgado há um ano por suposta corrupção. Os protestos pedindo sua renúncia continuam, o último deles na noite de sábado.

Em frente à sua residência oficial em Jerusalém, os manifestantes não esperaram a votação no Parlamento para celebrar a “queda” do “rei Bibi”, o apelido de Netanyahu, que foi chefe de governo de 1996 a 1999 e sem interrupção desde 2009.

“A única coisa que Netanyahu queria era nos dividir, uma parte da sociedade contra a outra, mas amanhã estaremos unidos, direita, esquerda, judeus, árabes”, disse Ofir Robinsky, um manifestante.

 “Transição pacífica”

A nova coalizão será liderada por Naftali Bennett, chefe do partido de direita Yamina, pelos primeiros dois anos, e depois por Yair Lapid por um período equivalente.

Depois das últimas legislativas em março, a oposição se uniu contra Netanyahu e surpreendeu ao conquistar o apoio do partido árabe israelense Raam, do islamista moderado Manssur Abbas.

“O governo trabalhará para toda a população, religiosa, laica, ultraortodoxa, árabe, sem exceção”, prometeu Bennett.

“A população merece um governo responsável e eficaz que coloque o bem do país em primeiro lugar em suas prioridades”, acrescentou Lapid, que deve se tornar ministro das Relações Exteriores.

 Desafios

Não faltarão desafios para o novo governo, como uma marcha planejada na terça-feira pela extrema direita israelense em Jerusalém Oriental, um setor palestino ocupado por Israel.

O movimento islâmico Hamas, no poder em Gaza, um enclave palestino sob bloqueio israelense, ameaçou retaliar se essa marcha acontecer perto da Esplanada das Mesquitas, em um contexto de extrema tensão sobre a colonização israelense em Jerusalém.

Em 10 de maio, o Hamas disparou uma salva de foguetes contra Israel em “solidariedade” aos palestinos feridos em confrontos com a polícia israelense em Jerusalém, levando a um conflito de 11 dias com o exército israelense.

O conflito terminou graças a um cessar-fogo promovido pelo Egito, mas as negociações para chegar a uma trégua sustentável falharam. Resolvê-lo será outro desafio do executivo.

O primeiro-ministro cessante ficará exposto, segundo a imprensa local, a uma rejeição dentro do Likud, porque alguns dos seus deputados também querem virar a página para a era Netanyahu no partido.

AFP

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