Com controle do país e da população, Partido Comunista Chinês completa 100 anos

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Autoritarismo e sucesso se confundem na história da potência inevitável do século 21

Autoridade máxima da política da China desde que chegou ao poder em 1949, o Partido Comunista Chinês (PCC) celebra nesta quinta-feira (1º), os 100 anos de sua fundação, dominando todos os aspectos da vida cotidiana do povo chinês.

O discurso do presidente Xi Jinping durante a abertura das comemorações do centenário demonstra um pouco do papel central que o partido ocupa na sociedade chinesa. “Dediquem tudo, até mesmo suas preciosas vidas, ao partido e ao povo”, disse o presidente, enquanto exortava os membros do PCC a manterem seu amor pelo partido com firmeza e lealdade, no pronunciamento transmitido em rede nacional de televisão.

A sigla criada na clandestinidade em 1921 por Mao Tsé-tung e seus companheiros é hoje o partido mais dominante do mundo, há 72 anos no poder – atrás apenas do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte -, com 90 milhões de membros – atrás apenas do BJP indiano -, e governando mais de 1,4 bilhão de pessoas.

O poder prolongado, contudo, não veio sem custos. As graves crises do período maoísta, em momentos como o Grande Salto à Frente de 1958 e a Revolução Cultural de 1966, acabou matando de fome dezenas de milhões de pessoas e esmagou adversários políticos, episódios que, no governo de Xi Jinping, são escondidas para dar lugar a “uma visão correta” da história do partido – na edição mais recente da história oficial do Partido, os 10 anos de violência política da Revolução Cultural, por exemplo, ocupam apenas três páginas.

Ao contrário, os feitos do regime desde a chegada ao poder de Xi Jinping, ao final de 2012, ocupam 25% da obra. Essa reescrita histórica “pretende reforçar a imagem de Xi Jinping e orientar o Partido ao redor dele”, comenta o especialista em China Carl Minzner, da Universidade Fordham dos Estados Unidos.

Comemorações

Embora o suspense permaneça sobre as festividades de 1º de julho, não há dúvidas de que o atual presidente pronunciará um discurso de exaltação da continuidade do regime, na entrada da Praça Tiananmen (Paz Celestial) em Pequim, onde Mao proclamou sua vitória em 1949. O “Grande Timoneiro” é quase uma divindade para milhões de turistas que visitam a cada ano sua província natal de Hunan, 1,6 mil quilômetros ao sul da capital.

Aos pés de um busto gigante do falecido presidente em Changsha, a capital da província, os jovens visitantes lembram, sobretudo, a ascensão do país sob a autoridade do partido no poder. “A China se desenvolveu, graças aos esforços de nossos antepassados e desta geração de membros do Partido Comunista”, afirmou o estudante Li Peng, de 23 anos, entre algumas selfies.

Radicalmente transformada por quatro décadas de reformas econômicas, a China de hoje tem pouca relação com o país de Mao. “Mas o PCC não está perto de morrer. É um partido cheio de vida, os jovens são particularmente patriotas e não têm medo de afirmar”, garante o jovem Li, membro do partido.

Longe do coletivismo maoista, a China agora tem o maior número de bilionários do mundo em dólares, à frente dos Estados Unidos, e este país de flagrantes desigualdades prende com frequência seus ativistas sindicais independentes

Especialistas, porém, apontam que, se o governo não reconhecer seus erros, corre o risco de voltar a cometê-los. “O próprio Xi provavelmente não quer outra Revolução Cultural. Sua família sofreu terrivelmente com isso”, avalia Joseph Torigian, da American University de Washington. “Mas pode-se dizer que o conceito do poder nas mãos de um único homem nunca desapareceu”, concluiu. (AFP)

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