O terceiro filho chinês: busca pelo crescimento demográfico

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Para manter seu ritmo de crescimento, a China precisa de uma sociedade consumidora de larga escala e com uma grande força de trabalho

O envelhecimento já é um problema na China. O país, que durante muito tempo não permitiu que as famílias tivessem mais do que dois filhos, agora quer um crescimento populacional maior.

Para alcançar esse objetivo, os casais chineses poderão ter até 3 filhos. O país tem mais de um bilhão e quatrocentos milhões de habitantes. Desde os anos 80, o Partido Comunista Chinês tem controlado o número de filhos das famílias em uma tentativa de conter o rápido crescimento de sua densidade populacional.

Até que ponto pode crescer a população chinesa, a maior do mundo? Historicamente, o controle de natalidade surtiu efeito?

Cresce rapidamente o número de chineses acima dos 65 anos, o que preocupa o governo. Para manter seu ritmo de crescimento, a China precisa de uma sociedade consumidora de larga escala e com uma grande força de trabalho.

A permissão para o terceiro filho vem acompanhada de outras medidas como a ampliação da idade de aposentadoria, a melhoria dos serviços públicos de saúde e o aumento da pensão paga aos idosos.

A política do filho único foi implementada na China no final dos anos setenta. O objetivo era desacelerar o crescimento da população e assim facilitar o acesso universal a educação e saúde de qualidade.

A lei, assim, proibiu que famílias tivessem o segundo filho, que poderia ser punido com multas. Havia, claro, exceções. A regra não se aplicava a famílias rurais, que poderiam ter a segunda criança, principalmente se a primeira fosse menina.

O governo calcula que a regulação evitou o nascimento de 400 milhões de pessoas e também ajudou a quebrar a tradição de grandes famílias, que impulsionava a pobreza e miséria no país.

Hoje, o país tem mais de 90 milhões de filhos únicos, popularmente conhecidos como “imperadores”.

Em 2015, a lei foi alterada e as famílias puderam ter o segundo filho. No entanto, a mudança não teve tanto impacto na taxa de natalidade, o que sugere que casais chineses estão deixando de ter filhos por outros motivos.

Entre estes motivos estão alguns que são muito comuns à nossa própria realidade. Os altos custos com saúde, além de baixos salários e longas jornadas de trabalho, são algumas das razões pelas quais menos casais chineses estão optando por começar uma família.

A lei foi criticada exatamente porque não veio acompanhada de medidas que auxiliem as famílias a criar crianças em meio a esta realidade com mais restrições.

A China, junto com a Tailândia e outras economias asiáticas, enfrentam o desafio de tentar enriquecer antes que sua população envelheça. A expectativa é que a China alcance seu número máximo de habitantes até o final da década e, então, o número comece a cair.

O censo chinês, divulgado em maio de 2021, sugere que essa tendência se confirma rapidamente. O país agora precisa agir para lidar com o pagamento de pensões e a possibilidade de faltar mão de obra em um futuro não tão distante.

A porcentagem de pessoas com idade entre 15 e 59 anos caiu de 70,1% para 63,3% na última década. Já a faixa etária daqueles maiores de 65 anos cresceu de 8,9% para 13,5% no mesmo período.

Em 2020, a China registrou 12 milhões de nascimentos, uma queda de quase 20% em relação ao ano anterior. Desses, cerca de 40% eram a segunda criança de um casal, o que representa uma queda, se pensarmos que em 2017, 50% dos bebês que nasceram tinham um irmão mais velho.

Pesquisadores chineses e o Ministério do Trabalho da China afirmam que o grupo de pessoas em idade laboral deve cair para menos da metade da população até 2050. Junto com essa queda, deve crescer o número de aposentados que dependem da atividade daqueles que trabalham para ter as pensões e o acesso a serviços públicos garantidos.

A taxa de fertilidade, ou o número médio de nascimentos por mãe, ficou em 1,3 em 2020, abaixo da taxa de 2,1 que seria necessária para manter o tamanho da população.

Essa taxa, no entanto, já estava em queda desde antes da implementação da política do filho único. Em 1960, uma família chinesa tinha em média seis filhos. Nos anos oitenta, esse número caiu para menos de três, de acordo com o Banco Mundial.

Ou seja, é possível que o controle de natalidade aplicado no país não tenha sido o principal motivo da queda no número de novos nascimentos.

De qualquer maneira, cabe ao país mais habitado do mundo o desafio de manter uma classe trabalhadora, enquanto busca garantir os direitos básicos de sua população. (O Planeta Azul)

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