Corruptos não têm coração

Leia mais

Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Casos de possível corrupção no Ministério da Saúde estão na mira da CPI da Pandemia

Corrupção é uma palavra muito citada no Brasil. E o pior: muito praticada desde tempos históricos. A origem do termo é latina e variada, mas eu fico com a de Santo Agostinho, para quem a etimologia vem de cor (coração) e ruptus (rompido, partido). Ou seja, é a ruptura do coração, o que faz todo sentido. O corrupto não tem coração, porque de modo geral pensa só em si mesmo, em se locupletar, sem se importar com eventual prejuízo do alheio, sabendo-se que no caso o alheio é a própria Nação.

Dizem que a corrupção existe desde que o mundo é mundo, mas é possível reduzir essa concepção para desde que o Brasil é Brasil. Começou, como se sabe, com Pedro Álvares Cabral, que trouxe o vírus de Portugal em suas caravelas, e o trem aqui se alastrou.

A corrupção é o pior dos males na vida pública. Para ilustrar, transcrevo trecho de um dos sermões do padre Antônio Vieira, no século 17. Pregou ele:

“O ladrão que furta para comer não vai, nem leva ao inferno; os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são outros ladrões, de maior calibre e de mais alta esfera. (…) os ladrões que mais própria e dignamente merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais já com manha, já com força, roubam e despojam os povos. – Os outros ladrões roubam um homem: estes roubam cidades e reinos; os outros furtam debaixo do seu risco: estes sem temor, nem perigo; os outros, se furtam, são enforcados: estes furtam e enforcam”.

O certo é que houve casos de corrupção em quase todos os governos brasileiros. Uma exceção foi o governo do mineiro Juscelino Kubitschek. Suspeitas até que houve, mas nunca se provou nada. O homem que comandou a construção de Brasília foi outro mineiro, Israel Pinheiro. Era uma oportunidade de altos rendimentos pessoais se fosse corrupto, mas Israel morreu exatamente com o patrimônio que possuía antes de assumir o posto para o qual fora incumbido por JK. Assim como o presidente (o maior da nossa História, diga-se), Israel Pinheiro era um homem honesto.

Após a chamada Revolução de 1964, o primeiro presidente militar, general Castelo Branco, resolveu criar a Comissão Geral de Investigações, com a finalidade de apurar possíveis atos de corrupção do governo deposto de João Goulart. Qual o quê, não apurou coisíssima nenhuma e a tal comissão acabou sendo extinta. Não havia mais o que investigar, até porque a ditadura não iria investigar a si própria.

Durante o governo Sarney a corrupção tornou-se endêmica e prosseguiu na administração de Collor, com um breve intervalo no governo Itamar Franco. O Mensalão e o Petrolão da era Lula foram desvendados, primeiramente a partir das denúncias de um deputado altamente suspeito do chamado Centrão, grupo político que hoje já se abrigou no governo Bolsonaro. O Petrolão veio a seguir com a operação meio policial e meio política da Lava Jato

Tentativas de corrupção endêmica no Ministério da Saúde estão na mira da CPI da Pandemia. Embora ainda esteja na fase de sintomas, a coisa pode chegar a um diagnóstico capaz de comprovar a ocorrência atualizada da doença nesta nossa pátria amada. (Afonso Barroso)

VOZ DO PARÁ: Essencial todo dia!

- Publicidade -spot_img

More articles

- Publicidade -spot_img

Últimas notíciais