Em discurso no Senado, o presidente da CPI da Covid cobrou posicionamento do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, dizendo que a ameaça feita contra ele atinge todo o Senado
Presidente da CPI da Covid, o senador Omar Aziz (PSD) respondeu à nota das Forças Armadas contra ele. Durante a sessão da CPI nesta quarta-feira, 7, o senador lembrou de atuais casos de corrupção no Ministério da Saúde envolvendo militares e foi atacado duramente pelo ministro da Defesa, Walter Braga Netto, e pelos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
Ao interrogar o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias, Aziz declarou que “os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo, fazia muitos anos”. A declaração foi o motivo do ataque da cúpula militar contra ele.
Estão tentando distorcer minha fala e me intimidar. Não aceitarei! Não ataquei os militares brasileiros. Disse que a parte boa do Exército deve estar envergonhada com a pequena banda podre que mancha a história das forças armadas.
— Omar Aziz (@OmarAzizSenador) July 8, 2021
Em sessão no Senado Federal, após divulgação da nota, Aziz destacou que sua fala “foi pontual”. “Membros das Forças Armadas e alguns reformados… Não se falava um ‘ai’ das FA. Hoje um sargento da aeronáutica [Roberto Dias] foi depor e foi preso, porque mentiu, foi o que pediu um dólar por vacina. O coronel Élcio [Franco, secretário executivo da pasta e aliado do general e ex-ministro Eduardo Pazuello] foi homem da Covaxin”, afirmou o senador referindo-se aos mais recentes escândalos de corrupção envolvendo o governo de Jair Bolsonaro.
“E vou afirmar aqui o que disse na CPI novamente. Podem fazer 50 notas contra mim, só não me intimidem. Porque quando estão me intimidando, presidente [Rodrigo Pacheco], e vossa excelência não falou disso, estão intimidando essa casa aqui”, destacou.
Ataque ao Senado
Ele criticou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), por não dar ênfase na intimidação dos militares à Casa Legislativa. “A nota é desproporcional, presidente. É muito desproporcional. V. Exa. como presidente do Senado deveria dizer isso no seu discurso. Eu sou um membro dessa casa. Deveria dizer que a nota é desproporcional, ‘eu não aceito que intimide um senador da República’. É disso que eu esperava de V.Exa.”, afirmou.
“V.Exa. não se referiu à intimidação que foi feita pela nota das Forças Armadas. Ninguém teve uma relação melhor do que eu, quando governador, com as Forças Armadas no meu estado, mas convivi com grandes generais, Villas Bôas, grande comandante do Exército brasileiro”, continuou.
Ele ainda ressaltou que não pautou os pedidos para depoimento à CPI da Covid do ministro da Defesa, general Braga Netto, e do ministro da Casa Civil, general Luiz Eduardo Ramos. “Em respeito às Forças Armadas, não convoquei”, argumentou.
Nota dos militares
Em nota publicada nesta quarta-feira, 7, a cúpula militar negou ter militares envolvidos em corrupção no Ministério da Saúde e disse que a “narrativa” do senador Aziz “atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável”.
“O ministro de Estado da Defesa e os Comandantes da Marinha do Brasil, do Exército Brasileiro e da Força Aérea Brasileira repudiam veemente as declarações do Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito, Senador Omar Aziz, no dia 07 de julho de 2021, desrespeitando as Forças Armadas e generalizando esquemas de corrupção. Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável”, assinala o texto.
“As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às instituições que defendem a democracia e a liberdade do povo brasileiro”, finalizam os militares no documento.