Rua do Medo: 1994 – Parte 1

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Será que esse grupo de adolescentes pode te conquistar? Rua do Medo 1994 – Parte 1 / 2021 © jxvirg via TMDb. Todos os direitos reservados. Destaque

O primeiro longa da trilogia Rua do medo estreou recentemente na Netflix tentando trazer um clima nostálgico que não funciona totalmente. A primeira parte, ambientada em 1994, chega lembrando muito Stranger things e Pânico (o que não é de se admirar, já que a diretora Leigh Janiak também comandou alguns episódios da série de TV Pânico), quando a excelente Maya Hawke toma as rédeas da situação. É uma pena, aliás, que ela não seja a protagonista.

Dessa forma, o longa começa bastante bem, mas à medida que se desenvolve, torna-se um pouco exagerado nas alegorias e nas “engraçadisses” forçadas. O enredo se resume, basicamente, em um grupo de adolescentes comuns de várias etnias e orientações sexuais diversas que, inadvertidamente, liberam um mal antigo que passa a persegui-los, ou seja, é um slasher básico fraco, mas não ruim de todo, com toques de gore embutido.

Nesse ínterim, o que faz o filme perder força é o fato de não saber se se leva a sério ou segue o caminho da ironia sarcástica irritante – e, sinceramente, acredito que tende mais para a segunda opção. O que se observa são motivações genéricas que fazem com que Rua do medo: 1994 não consiga se autoafirmar e, consequentemente, a película não se destaca.

Outros pontos não ajudam em nada. Os personagens são bem desenvolvidos em sua caracterização, todos completamente dentro de seu estereótipo – o nerd, a cheerleader etc. -, mas nenhum deles é carismático o bastante para gerar uma empatia maior. Pelo contrário, são irritantes o suficiente para quase nos fazer deixar de torcer por eles. Já os adultos são uma caricatura mortalmente bem representada beirando o ridículo! A banalização da morte também é um tema muito presente, fato que se encaixa perfeitamente naquele tom irônico indeciso – afinal, estamos assistindo a uma comédia como Todo mundo em pânico (2000-2013) ou a um filme de terror? Um pouco de sarcasmo cai bem, mas quando bem trabalhado, o que não foi o caso. O filme se utiliza mais de um conceito alegórico meio perdido.

Apesar de tudo isso, no entanto, o filme é dinâmico e, mesmo que não ofereça nada que não tenhamos vistos centenas de vezes antes dentro do gênero do horror, se utiliza bem dos clichês. É isso e nada mais que o salva do fracasso. No mais, a película não deixa a desejar nos aspectos técnicos, com bons efeitos especiais e uma trilha sonora anacrônica bem gostosa.

Por tudo isso, Rua do medo: 1994 é daqueles filmes para assistir despretensiosamente, para se divertir um pouco, mas não espere nada demais! Terror bom não é fácil de se fazer. E pensar que ainda há dois filmes por vir… (Publicado originalmente em O Cinema é.

VOZ DO PARÁ: Essencial todo dia!

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