Em plena pandemia, mundo registra cinco milhões de novos milionários

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Número de milionários no mundo subiu 5,2 milhões e chegou a 56,1 milhões de pessoas, de acordo com pesquisa recente da Credit Suisse

A pandemia de Covid-19 afetou a vida de todos nós. Para a maioria, significou dias difíceis, com o aumento do desemprego e do preço dos alimentos, por exemplo. No entanto, para uma para uma pequena parcela da população mundial, o último ano trouxe grandes ganhos financeiros. Desde o início da pandemia, o mundo tem cinco milhões de novos milionários.

No Brasil, esse número também cresceu. A lista da Forbes de 2021 apresenta trinta brasileiros, sendo destes onze estreantes. Entre os novos bilionários está Guilherme Benchimol, da XP Investimentos, empresa da qual o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, já participou.

O número de milionários no mundo subiu 5,2 milhões e chegou a 56,1 milhões de pessoas, de acordo com pesquisa recente da Credit Suisse. Em 2020, mais de 1% das pessoas do mundo eram milionários pela primeira vez na história.

Entre as explicações, os pesquisadores apontam a recuperação do mercado de ações e o aumento do valor de imóveis. O aumento da fortuna destas pessoas, afirma a pesquisa, está desvinculada da crise econômica desencadeada pela pandemia.

No entanto, no último ano, a baixa da taxa de juros e o aumento dos programas governamentais de assistência promoveram uma grande transferência de riqueza do setor público para o setor privado, principalmente no setor imobiliário.

O número de indivíduos com patrimônio de alto valor, ou aqueles que valem mais de trinta milhões de dólares, cresceu mundialmente 24%, a taxa mais alta desde 2003.

As estimativas da Credit Suisse levam em conta os valores que indivíduos podem e não podem investir, como o das casas em que residem.

 A pandemia também elevou o acúmulo das riquezas dos bilionários. O patrimônio dos bilionários subiu 27% só no primeiro semestre de pandemia, de acordo com o banco suíço UBS, chegando a 10,2 trilhões de dólares somados.

O número de indivíduos que acumulam mais de um bilhão de dólares também cresceu: de 2055 em 2020 para 2.755 em 2021, concentrando 13,1 trilhões de dólares, o que equivale a quase dez vezes o PIB brasileiro. Esse valor significa um aumento de cinco trilhões de dólares apenas durante a pandemia de Covid-19.

É claro que houve um custo, já que a dívida pública em relação ao PIB aumentou em 20 pontos percentuais, ou até mais, em muitos países.

Além disso, muitas pessoas pobres ficaram ainda mais pobres. As classes mais baixas, sem ativos financeiros, não vivenciaram o “boom” do mercado e sofreram a crise econômica, sobretudo se dependiam do setor de serviços.

Só na América Latina, por exemplo, um estudo revelou que, em 2020, o número de pessoas que vivem na pobreza aumentou em 22 milhões.

Ao mesmo tempo, em 2021, a Forbes, na sua lista anual dos 51 bilionários latino-americanos, mostrou que o primeiro colocado, o magnata mexicano das telecomunicações Carlos Slim, aumentou em 10 bilhões de dólares sua fortuna.

O Brasil não vivenciou o aumento de milionários. Tivemos uma queda de 34% no número de pessoas com mais de US$ 1 milhão e o índice de Gini — que mede o grau de concentração de renda — alcançou 89 no fim de 2020. Dentro desse índice, quanto mais perto de 100, mais desigual é a distribuição de riqueza.

No entanto, de acordo com o índice da revista Forbes, no Brasil o número de bilionários saltou 44%. Foi de 45 pessoas, em 2020, para 65, em 2021. No total, eles acumulam 219,1 bilhões de dólares, cerca de 1,2 trilhão de reais.

No período da pandemia, essa riqueza quase dobrou; eram 127,1 bilhões de dólares no ano passado. O aumento foi de 71%.

O topo do ranking brasileiro é ocupado por Jorge Paulo Lemann e família, com 16,9 bilhões de dólares. No mundo, a liderança é de Jeff Bezos, com seus 177 bilhões de dólares.

O aumento no número de bilionários contrasta com o crescimento da miséria e da fome no Brasil. De acordo com o estudo Insegurança Alimentar e Covid-19 no Brasil, da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar, a segurança alimentar no país caiu para 44,8% em 2020. Para se ter uma ideia, este índice era de 77,1% em 2013.

No total, 19,1 milhões de brasileiros entraram no mapa da fome. Ao mesmo tempo em que os super ricos ficaram mais ricos, o país enfrenta uma taxa de desemprego superior a 14%, fechamento de pequenos negócios e uma crise econômica sem precedentes.

Apesar dos estudiosos afirmarem que não há conexão direta entre a pandemia e o aumento da riqueza dos bilionários e milionários, vale a reflexão de sobre o aumento vertiginoso da desigualdade social no Brasil e no mundo. (O Planeta Azul)

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