Modelo da tradicional família brasileira: Jair Renan Bolsonaro brinca de cuspir água na mãe para vídeo no TikTok
Inacreditável: o desrespeito, a falta de vergonha violaram até o limite de atuação de organizações como a Máfia, o PCC, a Cosa Nostra, o Comando Vermelho, a N’Dranghetta. O pessoal age fora da lei, é violento, rouba, mata, trafica, mas não mexe com a família e a mãe é sagrada. Porém, como já disse o presidente Bolsonaro, o brasileiro precisa ser estudado: aqui, sabe-se lá por que, um rapaz criado em família de posses, importante, influente, cuspiu na cara da própria mãe, gravou o repulsivo ato e divulgou-o pela Internet.
Que tipo de educação este rapaz terá recebido em casa? A quais exemplos foi submetido? Como chegou a esse nível nojento de comportamento? Bem, digamos de quem se trata (embora o horroroso vídeo já se tenha tornado viral e se espalhado pelas redes sociais). O rapaz é Jair Renan Bolsonaro, o filho 04 do presidente da República. E não se limitou a esse vídeo: postou outro em que, com algo que imagina ser uma dancinha, proclama sua adoração por armas de fogo em versinhos infantis, bobinhos. Tal cantor, tal música.
Jair Renan é o mais novo dos filhos de gênero masculino de Bolsonaro. Há ainda uma menina de dez ou onze anos, que o pai já arrastou pela mão, sem máscara, para uma aglomeração em frente ao Palácio da Alvorada. Jair Renan está iniciando agora sua carreira empresarial e já é alvo de inquérito da Polícia Federal, suspeito de tráfico de influência: teria recebido presentes, entre eles um carro elétrico, para marcar reunião de empresários com o pai.
Exemplos de casa
Boa parte da resistência a vacinas e a medidas de isolamento social, que funcionam contra a propagação da Covid-19, é efeito do exemplo dado pelo presidente Bolsonaro, que garantiu que a CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em São Paulo, não podia ser boa, por ter origem chinesa; que cansou de saracotear por Brasília, sem máscara, causando aglomerações; que disse que só bundão contrairia a Covid; que, com a pandemia em rápida ascensão, já tirou férias duas vezes neste ano, em ambas indo banhar-se no mar, entre grupos de banhistas, sem máscara, todos aglomerados. Enfim, foi quem deu ao filho os exemplos de educação que acabam de ser mostrados.
Ele descansa, você paga
O Ministério Público pediu ao Tribunal de Contas da União que avalie as despesas das últimas férias do presidente Bolsonaro, nas quais nós gastamos R$ 2,4 milhões para ele repousar. “Num momento normal este montante já seria absurdo”, diz o subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado. “Todavia, na situação ora vivenciada, configura flagrante escárnio com o sofrimento do povo brasileiro”.
As informações sobre os gastos são da Secretaria Geral da Presidência e do Gabinete de Segurança Institucional – números, portanto, oficiais. Em menos de vinte dias foram gastos R$ 1 milhão com locomoção e R$ 200 mil com equipes de segurança. Em hospedagem, alimentação e diversões para o presidente, a família e convidados, as despesas foram de R$ 1,2 milhões, pagos com o cartão corporativo do presidente – mas como este dinheiro foi gasto a presidência não revela. Tudo é rigorosamente sigiloso.
Fervura no Espírito Santo
Prepare-se que a crise tem tudo para ser brava: o jornal virtual Folha do ES revelou na véspera o vencedor de uma concorrência de R$ 139 milhões, para instalação de um sofisticado sistema de monitoramento eletrônico de rodovias. O vencedor foi o apontado pelo jornal, o consórcio liderado por uma empresa chinesa. No meio da confusão, um pendrive com enorme quantidade de material foi parar nas mãos da Folha do ES (dizem que chegou pelo Correio) – até com denúncia de oferta de propina ao governador Renato Casagrande, PSB. Já há parlamentares articulando um pedido de impeachment do governador. E o jornal colocou o pendrive na nuvem, com link à disposição de quem quiser analisá-lo. Vai pegar fogo.
Sobe e desce
Sobe a rejeição a Bolsonaro, diz nova pesquisa XP/Ipespe. Quase metade do eleitorado (48%) considera sua gestão péssima ou ruim. Na pesquisa anterior, eram 45%. De outubro para cá, quando começou a subir, a rejeição foi de 31 a 48%. No mesmo período, os eleitores que acham o governo ótimo ou bom caíram de 39 para 27%. A avaliação do desempenho do governo na luta contra a pandemia é negativa, 58%. Mas é um pouco melhor que o triste balanço anterior, quando o desempenho do governo era péssimo para 61%.
As eleições
Ainda falta um ano e meio para botar o voto nas urnas. O retrato atual é de empate técnico entre Lula (29%) e Bolsonaro (28%). Moro e Ciro, 9% cada; Luciano Huck, 5%; Boulos, Doria e Mandetta, 3%; indecisos, 12%.
No segundo turno, Lula tem 42 a 38% contra Bolsonaro (ainda assim dentro do empate técnico). Bolsonaro empataria com Moro, por 30% a 30%, e Ciro (38% a 38%), venceria Huck (35% a 32%) e Doria (37% a 30%). Na margem de erro, Bolsonaro vence Doria e empata com todos os outros.
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