Novos dados sobre a variante Delta do coronavírus nos EUA acendem alerta vermelho

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Autoridades dizem que ‘a guerra mudou’ e pessoas vacinadas podem transmitir o vírus

Uma apresentação de slides dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos ressalta que “a guerra mudou” por causa da variante Delta do coronavírus. De acordo com os documentos, revelados pelo jornal The Washington Post, a variante Delta é tão contagiosa quanto a varicela, provavelmente gera uma doença pior do que as anteriores e os casos entre vacinados podem ser tão transmissíveis quanto entre não vacinados.

A diretora dos CDC, Rochelle Walenksy, citou esses slides esta semana para justificar um retorno ao uso de máscaras em ambientes de alto risco. Uma de suas conclusões mais relevadoras é que os surtos em pessoas vacinadas são altamente contagiosos, de acordo com dados de estudos anteriores e uma nova análise de um surto em Provincetown, Massachusetts.

Os especialistas se baseiam em um número chamado “limiar do ciclo” (CT), que indica quanta carga viral uma pessoa tem. Quanto menor o número, maior será a carga. Em Provincetown, “não houve diferença nos valores médios de CT em casos vacinados e não vacinados”, afirma a apresentação.

Os CDC divulgaram um relatório preliminar sobre um evento de superpropagação, no qual quase três quartos das pessoas estavam vacinadas. O surto coincidiu com as festividades de 4 de julho, com uma quantidade de infectados que disparou para 900, de acordo com dados locais. Porém, ao contrário de outros surtos maciços, houve apenas sete hospitalizações, segundo o site MassLive, e até agora nenhuma morte foi relatada.

Celine Gounder, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Nova York, afirma que “este é o ponto-chave que é parte do motivo pelo qual os CDC mudaram sua orientação”. “Na realidade, não é tanto pela própria proteção: como uma pessoa vacinada, se você tiver uma dessas infecções, pode ter sintomas leves ou nenhum sintoma. No entanto, com base no que estamos vendo, você pode ser contagioso para outras pessoas”, explicou.

“Desperdício”

Jennifer Nuzzo, epidemiologista da Universidade Johns Hopkins, advertiu que o surto de Provincetown ocorreu em um local com baixa transmissão comunitária do vírus e, como resultado, a nova recomendação dos CDC sobre o uso de máscaras não teria ajudado muito.

“Além disso, uma investigação sobre o surto sugere que as exposições ocorreram em locais como bares ou festas em casa, onde o uso de máscaras seria improvável”, afirmou.

O documento dos CDC também indica que as infecções não são tão raras quanto se pensava anteriormente, e atualmente existem “35 mil infecções sintomáticas por semana entre 162 milhões de americanos vacinados”.

Ao olhar para outros países, percebe-se que, embora o vírus original Sars-CoV-2 fosse tão contagioso quanto um resfriado comum, todos os infectados com a variante Delta infectam outros oito, o que a torna tão transmissível quanto a varicela, mas menos que o sarampo.

Relatórios do Canadá e da Escócia também sugerem que a cepa pode ser mais grave, com maior probabilidade de levar à hospitalização. Também em Cingapura foram registradas maiores índices de internações e mortes.

As estimativas da eficácia da vacinação variam por país, mas em seu slide final, os CDC consideram que o risco de doença grave ou morte é reduzido em 10 vezes ou mais nos vacinados e o risco de infecção é reduzido em três vezes ou mais. Isso equivale a uma eficácia de pelo menos 90% contra casos graves e mortes e ao menos 67% contra infecções.

Gounder disse esperar que as descobertas impulsionem os pedidos de vacinas do setor privado, mas que isso é menos provável de acontecer em regiões politicamente conservadoras, onde a imunização tem sido mais lenta. “Acho que estamos vendo uma fila muito longa de pessoas que terão muita dificuldade para se vacinar”, apontou. “O que é tão trágico é que tínhamos todos os recursos à nossa disposição para realmente aniquilar isso neste país (EUA) e os estamos desperdiçando”, lamentou. (AFP)

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