“E a hora dele vai chegar, porque ele está jogando fora das quatro linhas da Constituição há muito tempo”, disse Jair Bolsonaro ao ameaçar o ministro do STF Alexandre de Moraes, que decidiu incluí-lo no inquérito das fake news por causa de ataques ao sistema eleitoral brasileiro
Jair Bolsonaro ameaçou o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes nesta quinta-feira (5), após o magistrado decidir pela inclusão de Bolsonaro no inquérito fake news por causa dos ataques sem provas à confiabilidade das urnas eletrônicas.
“O Alexandre de Moraes acusa todo mundo de tudo. Bota como ‘réu’ no seu inquérito sem qualquer base jurídica para fazer operações intimidatórias, busca e apreensão, ameaça de prisão, ou até mesmo prisão. É isso o que ele está fazendo. E a hora dele vai chegar, porque ele está jogando fora das quatro linhas da Constituição há muito tempo”, disse Bolsonaro à entrevista à Rádio 93 FM, do Rio de Janeiro.
“Eu não pretendo sair das quatro linhas para questionar essas autoridades, mas acredito que o momento está chegando. […] Ele fez um absurdo agora, me colocou como réu naquele inquérito das fake news dele. Ele é a mentira em pessoa dentro do STF”, acrescentou.
Bolsonaro acusou Moraes de arbitrário e ditatorial. “Não dá para continuarmos com um ministro arbitrário, ditatorial, que não leu a Constituição, ou, se leu, aplica de acordo com seu entendimento, para, cada vez mais, agredir a democracia”, afirmou.
Frase de Bolsonaro sobre Alexandre de Moraes é típica de mafiosos
Jogando mais uma vez no lixo o decoro do cargo, a constituição e qualquer resquício de civilidade, Bolsonaro fez, agora há pouco, a maior ameaça explícita que algum presidente da República já fez, na história recente, a qualquer autoridade do país.
Afirmou, à rádio 93 FM, do Rio de Janeiro, a respeito do ministro do STF, Alexandre de Moraes:
“A hora dele vai chegar”.
A frase já foi dita por mafiosos de filmes de Martin Scorcese ou de Quentin Tarantino ou por milicianos da Muzema. Nunca saiu da boca de um presidente da República.
O ministro pode entender que é ameaça à sua integridade física, pedir reforço de segurança e abrir outro inquérito contra o presidente da República, mais grave ainda que o das fake news.
Bolsonaro derrete nas pesquisas
Bolsonaro tem criticado o sistema eleitoral com medo de uma derrota em 2022, pois todos os levantamentos apontam queda da sua aprovação e a liderança isolada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com pesquisa Quaest Consultoria, divulgada nesta quarta-feira (4), por exemplo, o petista tem 46% dos votos na simulação de primeiro turno, contra 29% de Bolsonaro, seguido pelo ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 12%. Os dados também mostraram que 56% desaprovam o governo e 66% reprovam o comportamento dele.