Há duas décadas, acrônimo era usado pela primeira vez. Ele englobava países emergentes que deveriam alcançar em breve os mais ricos como potências. Para alguns, isso virou verdade. Para a economia brasileira, não.
Em 2001, Jim O’Neill, então economista-chefe do banco de investimentos Goldman Sachs, descreveu pela primeira vez uma nova divisão de trabalho na economia mundial: Building better global economic BRICs. Em português, seria algo como “o mundo precisa de melhores tijolos econômicos”, num trocadilho entre a palavra em inglês para tijolos (brick) e o acrônimo das principais economias emergentes: Brasil, Rússia, Índia e China.
Seriam essas economias emergentes que impulsionariam a taxa de crescimento da economia global no futuro. O quarteto, escreveu o economista, estava prestes a alcançar os países industrializados em termos de poder econômico.
As previsões eram ousadas: as economias do Bric alcançariam a metade do peso das seis mais fortes do planeta (Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Japão) já em 2025 e, no máximo até 2040, se igualariam economicamente aos países dominantes até então.
As previsões foram sustentadas por O’Neil com base numa nova divisão de trabalho, segundo a qual esses países fortaleceriam sua posição na economia mundial. Assim, o Brasil se tornaria o “armazém das matérias-primas” ou “cesta de pão” para a economia global; a Rússia “posto de abastecimento do mundo”, por causa de suas reservas energéticas; a Índia o “think tank”, devido a sua indústria de tecnologia da informação; e a China viraria a grande “fábrica” global.
O Bric rapidamente se tornou uma referência para medir as economias emergentes. Como estavam de fato crescendo extraordinariamente rápido, esses países experimentaram também um impulso político. Em 2006, uniram-se para formar uma comunidade que se encontrou formalmente pela primeira vez em 2009. A África do Sul aderiu em 2011. Desde então, o clube das economias emergentes tem sido chamado de Brics.
Vinte anos mais tarde, pode-se dizer que algumas das previsões de O’Neill provaram estar corretas. Porque, já em 2017 – oito anos antes do esperado – os países Bric alcançaram a metade do peso dos países do G6. Atualmente, de acordo com o FMI, eles têm um PIB equivalente a 57% do do G6.
Em 2010, presidente Lula recebe os líderes de Rússia, China e Índia: era o grupo do Bric, ainda sem a África do Sul