O voto impresso é o argumento no qual Bolsonaro pretende se basear para a guinada ditadorial. Para Bolsonaro e seu generalato não há outro resultado possível para as eleições que não a permanência no poder
O Brasil vive hoje em compasso de espera.
Estamos todos, uns mais atentos, outros mais tranquilos, aguardando esse momento que a cada dia parece mais definido. Há meses imaginávamos que ele viria. Mas não sabíamos quais seriam todos os personagens envolvidos, desconhecíamos o enredo, não tínhamos ideia do argumento.
Agora já não é assim. Está tudo bem explicado, gravado e documentado para quem quiser ver.
Tudo indica que Jair Bolsonaro tentará um golpe para permanecer no poder, e o tal voto impresso e auditável é o argumento no qual pretende basear esse golpe.
Para Bolsonaro e seu generalato não há outro resultado possível para as eleições de 2022 que não sua reeleição. E se isso não acontecer, eles vão melar o pleito com a desculpa de que foram roubados e de que as eleições “não são auditáveis”.
Isso já está definido e preparado. Não se trata mais de uma possibilidade remota. E ninguém poderá dizer em 2022 que não esperava.
Dito isso, a questão que se impõe é: o que faremos diante do inevitável?
É trabalho de todos aqueles comprometidos com a democracia pressionar para que as instituições basicamente funcionem. Precisamos superar as infindáveis notas de repúdio, o falatório e os editoriais indignados. O presidente comete crime de responsabilidade a todo momento e não são palavras duras que o farão parar.
Por outro lado, é urgente demonstrarmos que o governo Bolsonaro é o governo do golpismo, mas não só. É o governo da miséria, da fome, do desemprego, do fogo nas nossas matas. Governo de grileiros, garimpeiros, milicianos e corruptos. Governo que com seu “tratamento precoce” é responsável pela morte de centenas de milhares de brasileiros. É o governo que autorizou a quebra de teto salarial por seus generais. Você sabia que o salário do quarteto Ramos, Heleno, Braga Netto e Mourão atualmente é acima de 100 mil reais?
Esse é o compromisso do Intercept hoje: expor as entranhas desse governo e contribuir com a pressão para que as instituições se movam custe o que custar. Foi assim que investigamos e denunciamos a relação entre o bolsonarismo e o nazismo; é nesse sentido que vai nossa extensa cobertura sobre os militares e também sobre meio ambiente.
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