Urna eletrônica já deu 115 milhões de votos ao clã Bolsonaro e garantiu 76 anos de salários

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Levantamento feito pelo repórter Gabriel Barreira indica que Bolsonaro e os familiares foram eleitos 19 vezes.

Gratidão é uma palavra que não existe no dicionário de Bolsonaro. Se ele tivesse este sentimento, jamais atacaria a urna eletrônica que garante o sustento dele e de sua família desde a década de 90.

Levantamento feito pelo repórter Gabriel Barreira indica que Bolsonaro e os familiares foram eleitos 19 vezes, o que garantiu 76 anos de mandatos para o clã. Quase um século de salários garantidos. Salários dos parlamentares eleitos pela franquia política com a marca Bolsonaro, além dos ganhos de assessores nomeados, obrigados a fazer rachadinha segundo o Ministério Público do Rio de Janeiro.

Presidente Jair Bolsonaro segue atacando o uso de urnas eletrônicas nas eleições brasileiras. — Foto: Reuters/Ueslei Marcelino
Presidente Jair Bolsonaro segue atacando o uso de urnas eletrônicas nas eleições brasileiras. — Foto: Reuters/Ueslei Marcelino

Segue o relato de Gabriel:

Da primeira eleição eletrônica em 1996 a 2020, sempre houve um Bolsonaro candidato.

Jair, Flávio, Carlos, Eduardo e até uma de suas ex-mulheres, Rogéria, fizeram a vida na política.

O total de votos despejados neles ao longo desses 25 anos foi de 115.228.634, incluindo os dois turnos de 2018, como mostra esse levantamento exclusivo.

Bolsonaros
Ano Candidato Votos Foi eleito? Cargo
1996 Rogeria Nantes Braga Bolsonaro 24891 Sim vereador
1998 Jair Messias Bolsonaro 102893 Sim Deputado federal
1998 Renato Antônio Bolsonaro 17219 Não Deputado estadual
2000 Rogeria Nantes Braga Bolsonaro 5109 Não Vereador
2000 Carlos Nantes Bolsonaro 16053 Sim Vereador
2000 Renato Antonio Bolsonaro 994 Não Vereador
2002 Flavio Nantes Bolsonaro 31293 Sim Deputado estadual
2002 Jair Messias Bolsonaro 88945 Sim Deputado federal
2004 Carlos Nantes Bolsonaro 22355 Sim Vereador
2004 Renato Antonio Bolsonaro 434 Não Vereador
2006 Jair Messias Bolsonaro 99700 Sim Deputado federal
2006 Flavio Nantes Bolsonaro 43099 Sim Deputado estadual
2008 Carlos Nantes Bolsonaro 28209 Sim Vereador
2008 Renato Antonio Bolsonaro 202 Não Vereador
2010 Jair Messias Bolsonaro 120646 Sim Deputado federal
2010 Flavio Nantes Bolsonaro 58322 Sim Deputado estadual
2012 Carlos Nantes Bolsonaro 23679 Sim Vereador
2012 Renato Antonio Bolsonaro 2955 Não Vereador
2014 Jair Messias Bolsonaro 464572 Sim Deputado federal
2014 Eduardo Bolsonaro 82224 Sim Deputado federal
2014 Flávio Nantes Bolsonaro 160359 Sim Deputado estadual
2016 Carlos Nantes Bolsonaro 106657 Sim Vereador
2016 Renato Antonio Bolsonaro 2473 Não Vereador
2016 Flávio Bolsonaro 424.307 Não Prefeito
2018 Jair Messias Bolsonaro 57797847 Sim Segundo turno/Presidente
2018 Jair Messias Bolsonaro 49277010 Ida ao 2º turno Primeiro Turno/Presidente
2018 Flávio Nantes Bolsonaro 4380418 Sim Senador
2018 Eduardo Nantes Bolsonaro 1843735 Sim Deputado federal
2020 Rogeria Nantes Bolsonaro 2034 Não Vereador

O único que nunca conseguiu ser eleito foi o irmão do presidente Renato Bolsonaro. As outras duas derrotas da família foram de Rogéria, em 2000 e em 2020, quando já estava divorciada de Jair. Flavio Bolsonaro perdeu uma eleição para prefeito do Rio em 2016, mas já era deputado estadual.

A teoria conspiratória de que o “sistema” se volta contra Bolsonaro para não elegê-lo esbarra num pequeno detalhe: os fatos.

Corria o mês de maio de 1999. FHC era o presidente e Jair defendeu empilhar seu corpo numa guerra civil. “Matando uns 30 mil, começando com FHC”.

Durante os dois mandatos tucanos, apesar das ameaças, a urna eletrônica elegeu Bolsonaros cinco vezes.

Depois veio Lula, a quem Bolsonaro chamou de ladrão, mafioso, corrupto e mentiroso — como registram as notas taquigráficas da Câmara dos Deputados.

E, enquanto o petista foi presidente, a urna eletrônica elegeu a família do capitão em outras seis oportunidades.

Se a urna é fraudável, por que FHC e Lula não tiraram Bolsonaro do pleito? E por que ela seria fraudada agora, justamente quando o capitão é o líder máximo da nação? (Por Octavio Guedes e Gabriel Barreira | G1)

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