Desfile bélico aumenta racha da base bolsonaro e voto impresso perde força até entre aliados

Leia mais

Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Expectativa é que, após apresentação militar, derrota da PEC na Câmara seja ainda maior

O plenário da Câmara dos Deputados vota nesta terça-feira (10) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do voto impresso em clima de tensão. O desfile bélico na Praça dos Três Poderes nesta manhã aumentou o racha no Centrão sobre o tema. Se na comissão especial da Câmara que derrubou a proposta, há cinco dias, já se podia verificar a divisão da base governista, depois que tanques se exibiram nos arredores do Congresso o quadro só piorou. A tendência é que o Palácio do Planalto sofra agora uma derrota maiúscula no plenário da Câmara.

Depois do desfile bélico, até o Progressistas, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL) e do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, nomes fortes do Centrão que apoiam Bolsonaro, ficou mais divididos. Antes da votação, vários deputados de partidos da esquerda à direita se reuniram e discutiram a importância de dar uma resposta que chamam de afronta ao Congresso e ameaça à democracia.

Lira também promoveu um encontro com líderes de bancadas na residência oficial da Câmara. Disse que o presidente Jair Bolsonaro havia lhe garantido que aqueles exercícios militares não tinham qualquer relação com a análise do voto impresso. Admitiu, no entanto que, com o clima polarizado, o ato acirrou os ânimos e jogou mais combustível na crise. “Mas o que é preciso, neste momento, é que não haja nem vencidos nem vencedores”, afirmou Lira.

O texto atualmente é motivo de uma crise institucional entre o presidente Jair Bolsonaro e o Poder Judiciário, com atritos especialmente em relação ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso, que é contra e, por isso, tem sido atacado pessoalmente por Bolsonaro e aliados.

Bandeira bolsonarista, o voto impresso já foi tema de várias declarações em tom de ameaça por parte de Bolsonaro. O presidente tem reinterado que, sem essa medida, as eleições de 2022 não serão reconhecidas como legítimas e podem nem sequer acontecer.

A proposta de adoção do voto impresso é de autoria da deputada Bia Kicis (PSL-DF), aliada de Bolsonaro, e institui um mecanismo em todas as urnas eletrônicas que imprime um registro do voto. Para ir ao Senado, o texto precisa de pelo menos 308 votos, em dois turnos, na Câmara.

Dirigentes partidários têm a expectativa de que a ideia seja rejeitada pelos deputados. Antes defensor da iniciativa, o PSDB decidiu fechar questão contra a PEC, ou seja, o deputado tucano que decidir votar favorável pode sofrer punição do partido. Outras legendas, como DEM e Solidariedade, optaram pelo mesmo caminho.

Derrota na comissão especial

A iniciativa já foi rejeitada pela comissão especial da Casa que estudou o tema na semana passada, por 23 votos contrários a 11 favoráveis, mas o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), decidiu pautá-la para o plenário mesmo assim. Apesar de incomum, a ação está prevista no regimento interno, visto que a comissão especial de uma PEC não é terminativa, apenas opinativa.

Representantes do Congresso, Palácio do Planalto e do Judiciário tentam construir uma solução para “esfriar” o clima de conflito entre as instituições após a provável derrota da PEC. Uma ideia avaliada é fazer com que o Judiciário aumente a porcentagem das urnas que são submetidas ao teste de integridade, que é uma votação paralela à oficial, na qual é demonstrado que o voto digitado é o mesmo que fica registrado no sistema eletrônico.

Em outra frente, o Planalto ainda tenta salvar a proposta do voto impresso. O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), pretende modificar o texto para fazer com que apenas uma porcentagem de 2% das urnas seja alterada para poder imprimir o voto.

VOZ DO PARÁ: Essencial todo dia!

- Publicidade -spot_img

More articles

- Publicidade -spot_img

Últimas notíciais