“O comportamento desidioso do Procurador-Geral da República fica evidente não só pelas suas omissões diante das arbitrariedades e crimes do presidente, mas também pelas suas ações que contribuíram para o enfraquecimento do regime democrático”, argumentam Contarato e Alessandro Vieira
Os senadores Fabiano Contarato (Rede-ES) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) protocolaram no final da manhã desta quarta-feira (18) no Supremo Tribunal Federal (STF) uma notícia-crime contra o procurador-geral da República, Augusto Aras, por prevaricação.
“O comportamento desidioso do Procurador-Geral da República fica evidente não só pelas suas omissões diante das arbitrariedades e crimes do presidente da República, mas também pelas suas ações que contribuíram para o enfraquecimento do regime democrático brasileiro e do sistema eleitoral e para o agravamento dos impactos da Covid-19 no Brasil, além de ter atentado direta e indiretamente contra os esforços de combate à corrupção no país. O conjunto de fatos demonstra patentemente que o Procurador-Geral da República procedeu de modo incompatível com a dignidade e com o decoro de seu cargo”, argumentam os senadores.
O pedido foi enviado ao gabinete da ministra Cármen Lúcia, que deverá encaminhar o caso ao Conselho Superior do Ministério Público Federal.
Cármen Lúcia já é relatora de um processo sobre os ataques de Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral e, por esta razão, recebeu nesta quarta-feira a manifestação dos senadores.
O pedido é motivado, de acordo com os senadores, pela omissão de Aras em relação aos ataques ao sistema eleitoral brasileiro, além das recusas do PGR de atuar em relação ao dever de defender o regime democrático brasileiro e ao dever de fiscalizar o cumprimento da lei no enfrentamento à pandemia da Covid-19.
Aras desabafa e ataca Janot
O Procurador-Geral da República, Augusto Aras, desabafou em meio à pressão que vem sofrendo. A insatisfação sobrou até para um de seus antecessores, Rodrigo Janot.
“Vejo agora pessoas que me criticam de forma impiedosa e que ficaram caladas quando um de meus antecessores rasgou a Constituição, subverteu o Estado de Direito, aceitou provas forjadas e acabou desmoralizado. Onde essas pessoas estavam? O que fizeram?”, costuma dizer Aras, segundo um interlocutor ouvido pela coluna Radar, na Veja.
A crítica se dirige também a Sergio Moro e à Lava Jato.