Free Guy: Assumindo o Controle

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Não assista a um filme. Assista a um ótimo filme!

Já faz algum tempo que é preciso prestar atenção quando o nome de Shawn Levy aparece na direção ou na produção de um filme. Depois de alguns sucessos como Stranger Things e Sombra e Ossos (Shadow and Bone) – ambos da Netflix – no currículo, o diretor canadense surpreende novamente assim como fez com o ótimo Amor e Monstros (2020). Eu não esperava nada de Free Guy – Assumindo o controle, mas dou a mão à palmatória quando digo que o filme, se não é ótimo, é no mínimo muito interessante.

A história do longa segue Guy (Ryan Reynolds), um funcionário de banco que, de repente, descobre que, na verdade, é um personagem de video-game, mas não um personagem qualquer. Ele é um NPC (sigla em inglês para Non Player-Character – personagem não-jogável).

O estilo de Levy nessa comédia de ficção científica pode não agradar boa parte do público, especialmente aquele que não curte games (apesar de este tema mega contemporâneo estar bastante na moda), mas é inegável que, com Free Guy, o cineasta demonstra sua habilidade para surfar tão bem nas ondas desse gênero como o faz nas ondas da fantasia.

Dessa forma, aqui Levy trabalha em dois mundos simultaneamente – o real e o digital – e transita entre eles com maestria, misturando-os e entrelaçando-os com muita eficiência. É claro que as pirotecnias são muitas, como não poderiam deixar de ser quando estamos falando dos jogos onde as explosões e tiros fazem parte da “vida” cotidiana, como bem demonstra a naturalidade com que os characters da Free City (o nome do famoso game da película) as encaram. O filme é menos colorido do que Space jam: Um novo legado, que também explora o tema da IA, mas mesmo assim, não há economia de cores na fotografia.

Por outro lado, chega a ser irônico como o diretor escolheu ser o mais realista possível ao optar por utilizar carros esportivos de última geração, tanques, helicópteros etc. totalmente reais, quando poderia muito bem servir-se do CGI para compor tudo isso. É genial.

Mas o filme não é só um retrato do mundo tecnológico e digital em que vivemos, onde programadores e desenvolvedores são reis, mas é também extremamente divertido e possui um enredo muito bem conduzido e realizado. Esse aspecto dual de nossas vidas – porque hoje vivemos online tanto quanto na vida real (quiçá até mais!) – é impressionante de ser ver. Desse modo, a atuação de Reynolds é afetada (assim como a de Taika Waititi) e em certos momentos passa do ponto, mas todos os refletores acabam sempre apontando para a ganhadora e constantemente indicada ao Emmy Jodie Comer, que há muito mostra há que veio no aclamado Killing Eve. Seu trabalho com Joe Keery, que também já tem seu espaço garantido no coração dos cinéfilos – olá de novo Stranger things! – deu muito certo.

Além disso, as referências aos quadrinhos misturadas a esse ambiente de games são um manjar dos deuses para os nerds de plantão, que vão se deliciar com elas. A trilha sonora não fica atrás, e a fotografia é simplesmente perfeita, situando-nos perfeitamente não só nas locações (reais e digitais), como também fazendo jus aos gêneros da película (até mesmo o branco, a principal cor ligada à ficção científica é bem utilizado).

Por essas e outras é que Free Guy: Assumindo o controle, é uma grata surpresa, uma excelente pedida para se ter, como gosta de dizer Guy em seu loop de programação, não um bom dia, mas um ótimo dia! (Publicado originalmente em O Cinema é)

VOZ DO PARÁ: Essencial todo dia!

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