As escolas técnicas paraenses têm como foco adequar a oferta dos cursos à vocação econômica de cada município
Há um ano, a administração das Escolas de Ensino Técnico do Estado do Pará (Eetepas) foi transferida da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) para a Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Tecnológico (Sectet). O propósito foi estabelecer um novo marco na educação profissional, dando mais destaque ao ensino e ao protagonismo necessários para a promoção do desenvolvimento local.
As escolas técnicas paraenses têm como foco adequar a oferta dos cursos à vocação econômica de cada município, trabalhando a conscientização dos estudantes desde o Ensino Fundamental e gerando mão de obra qualificada e apta para atender a demanda e a oferta.
Sob à gestão da Sectet, a rede de escolas apresentou acréscimo de 15% na oferta de vagas nas modalidades subsequente, integrado, Proeja e concomitante. De acordo com informações da pasta, 31 Eetepas foram assumidas. Destas, oito estão ou estavam em construção nas seguintes cidades: Santana do Araguaia, Xinguara, Breves, Tomé-Açú, Tucuruí, Novo Progresso, Barcarena e Parauapebas.
“A oferta de Ensino Técnico é estratégica para o desenvolvimento de qualquer lugar. O Brasil precisa alterar essa oferta porque ainda temos uma quantidade de jovens muito baixa, na comparação com outros lugares do mundo, em que essa modalidade é valorizada, e aqui temos menos de 20% dos jovens em idade escolar adequada que procuram formação técnica profissionalizante, precisamos mudar essa realidade”, analisa o titular da Sectet, Carlos Maneschy.
O gestor explica que há várias empresas demandando profissionais qualificados em várias áreas, desde os cursos de capacitação, de qualificação, de nível mais baixo ou de cursos mais rápidos, como o de pedreiro, até cursos técnicos que envolvem novas tecnologias, como internet das coisas.
“Precisamos de um espectro largo de ofertas necessárias para que a gente possa realmente responder as demandas que as empresas estão colocando para nós. Cada vez mais, especialmente as de base tecnológica, estão demandando profissionais qualificados, que muitas vezes, pela baixa oferta de mão de obra local, acabam vindo de outros lugares”, justifica Maneschy.
“Estamos trabalhando para mudar essa realidade, garantir que as empresas que aqui se instalam tenham condições de contratar pessoas formadas e qualificadas localmente. O Estado tem levantado essa demanda, procurado dialogar mais proximamente com prefeituras, empresas, de modo a poder fazer um levantamento qualificado da vocação de cada lugar, daquilo que é necessário em termos de formação profissional”, confirma.
A responsabilidade pela construção das unidades de ensino continuou a cargo da Seduc. Sendo assim, de acordo com a pasta de educação:
– Breves: investimento de R$ 6,5 milhões de reais. Está com 90% das obras concluídas e tem previsão de entrega para outubro.
– Xinguara: investimento de R$ 7 milhões. Está com 60% das obras concluídas e tem previsão de entrega para dezembro deste ano.
Entregue em agosto do ano passado, a unidade de Santana do Araguaia, no sul do Pará, deve oferecer cursos profissionalizantes voltados para a vocação socioeconômica da região. O espaço é composto por 12 salas de aula, auditório, laboratórios de informática, laboratórios especiais, biblioteca, anfiteatro, quadra esportiva coberta, bicicletário e motário. A unidade possui capacidade para atender 1.440 alunos, que terão a oportunidade de se prepararem para o mercado de trabalho de acordo com a demanda da sua localidade.
De 2019 para cá e com a mudança do perfil de gestão na educação tecnológica, o governo do Pará aumentou também o aporte de recursos, até então de cerca de R$ 5 milhões anuais para algo próximo de R$ 30 milhões nas 25 unidades do Estado. “Estamos multiplicando os investimentos para realmente construir um ambiente de formação técnica e suprir as demandas das prefeituras e setor produtivo, chegando ao objetivo desejado: a inclusão do Pará como grande impulsionador de empreendimentos inovadores que usem ciencia e tecnologia como insumo da própria produção”, detalha o secretário.
O que é – Categoria especial do Sistema de Ensino Brasileiro, o Ensino Técnico, ao contrário da universidade, que dá uma visão ampla de conhecimento, permitindo a formação, por exemplo, de pesquisadores ou cientistas, tem como objetivo formar pessoas para o mercado de trabalho. Por esse motivo, os cursos técnicos são muito mais focados em prática que as faculdades (muitos inclusive são 100% práticos).
Os cursos técnicos estão em um nível entre o Ensino Médio e o Ensino Superior. Podem inclusive ser feitos após o Ensino Médio ou então substituir essa etapa, integrando as disciplinas práticas com as matérias do ensino médio em um só curso. Estão divididos em três categorias: integrado, externo (ou concomitante) e profissionalizante.