Os organizadores dizem que o governo está militarizando o país para intimidar as manifestações pelas liberdades civis marcadas para 18 a 19 de novembro
Cuba anunciou exercícios militares anuais na mesma data dos protestos em favor dos direitos humanos mobilizados em todo o país.
Um comunicado das forças armadas publicado na mídia estatal na sexta-feira (08) informa que o país realizará exercícios militares anuais de 18 a 19 de novembro. Essa é a mesma data em que grupos opositores programaram manifestações em todo o país em favor das liberdades civis, incluindo o direito ao protesto pacífico. O movimento pede também anistia para oponentes presos do governo.
Os maiores protestos que a nação insular presenciou em décadas estouraram em julho, resultando em centenas de prisões, uma morte e pedidos de intervenção dos EUA por alguns cubano-americanos.
Oponentes do governo bem conhecidos estão entre aqueles que permanecem atrás das grades após os protestos ocorridos nos dias 11 e 12 de julho, com alguns condenados com duras e longas sentenças.
Os próximos protestos estão sendo planejados no Facebook pelo grupo Archipelago, que diz ter cerca de 20.000 membros, muitos dos quais vivem fora do país.
Os preparativos para a parada militar do governo são parte de uma estratégia militar conhecida como “Guerra de todo o povo”, articulada para responder a uma invasão dos Estados Unidos.
Nos últimos dias, milhares de civis realizaram simulações, como a evacuação de locais de trabalho, atendimento aos feridos, treinamento com armas, apoio logístico, bem como fabricação de bombas caseiras.
Regime ainda mais militarizado na ilha
O ator Yunior Garcia, administrador do Archipelago e líder dos protestos de oposição ao governo cubano, tuitou que a data dos exercícios militares indicava que o governo pretendia “militarizar ainda mais o país” para o dia 20 de novembro.
Ao contrário das manifestações de julho, que foram em grande parte espontâneas, o grupo solicitou autorização para os protestos em várias cidades para o dia 20 de novembro, mas o governo ainda não respondeu.
El Dr. Manuel Guerra se ha enfrentado a la pandemia y al totalitarismo. Es un joven cubano digno de admirar.
Por eso lo detienen arbitrariamente.
Por eso amenazan con romperle la boca.
Pero Manuel no está solo.
Hoy ninguno de nosotros está solo.#LibertadParaElDrManuel— Yunior García Aguilera (@yuniortrebol) October 10, 2021
“Pedimos uma manifestação pacífica, mas o governo responde com ameaças e armas. Por que tanto medo que as pessoas digam o que pensam? ” Disse Garcia.
Autoridades em Cuba acusam os manifestantes e opositores de trabalhar com os EUA, que impôs um embargo de 20 anos à ilha para tentar derrubar o governo. Mas muitos dos que foram às ruas em julho disseram que foram estimulados por questões internas.
Os cubanos enfrentaram a escassez de alimentos, remédios e outros itens em meio ao bloqueio dos Estados Unidos e em função da pandemia do coronavírus, que foi um duro golpe para a indústria do turismo da ilha caribenha. Cidadãos cubanos também tem enfrentado longas filas para compra de alimentos, inflação e apagões elétricos nos últimos anos.