Brasil: uma república onde se despreza a coisa pública

Leia mais

Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.

Elite do atraso que criou e sustenta o governo Bolsonaro  ficará inerte enquanto o navio afunda? Estarão dispostos a morrerem abraçados com o capitão?

Como compreender e desvendar as tramas de 1964 e 2016, dois golpes fajutos que destruíram o Brasil?

Quais atores que se juntaram às Forças Armadas, lá e cá, arquitetando e executando ambos os golpes?

Refiro-me à mesma mídia empresarial, aos empresários do “pato amarelo”, aos líderes religiosos charlatães e manipuladores, às castas de corporações (do direito, medicina e outras), aos latifundiários (hoje travestidos de agronegócio e associados a mineradoras, garimpeiros, desmatadores) e aos segmentos da classe média que se considera elite.

Essa coalizão, lá em 1964 e cá, em 2016, sempre odiou, entre outros, que o Estado fosse colocado à serviço do povo e libertado dos sanguessugas das elites e seus prepostos nos cargos e funções públicas. Afinal, desde o (outro) golpe que inaugurou essa república sem povo e sem respeito à coisa pública, em 1889, o Estado brasileiro esteve a serviço da Casa Grande.

Pois bem: como essa coalizão, essa “elite do atraso”, que sempre se locupletou nas tetas do Estado, poderia conviver com práticas de governança imbuídas de espírito republicano e democrático?

Ora, temos os mesmos ingredientes que ligam 1964 a 2016: lá, os membros da caserna tinham a desculpa do perigo do bicho-papão do comunismo; cá, os mesmos militares (que não aceitaram uma justiça de transição na chamada abertura democrática), também não engoliam o fato de a ex-presidente Dilma Rousseff ter implementado as Comissões da Verdade que ajudaram, sobremaneira, a lançar luzes no sombrio pântano da ditadura.

Portanto, os elementos presentes em 1964 estavam presentes em 2016: por um lado o fantasma comunista reencarnado na ex-guerrilheira agora comandante-em-chefe de seus algozes da ditadura; por outro, os segmentos da pseudodireita democrática que sempre foram aliados aos donos da Casa Grande (grandes empresários, rentistas, agronegócio, banqueiros) na apropriação privada do Estado feita através de seus prepostos da classe média (aqui entram os líderes religiosos, os membros das castas judiciais e corporações que se julgam elite e parte dos jornalistas que em 1964 propagaram a cantilena do comunismo e em 2016 atuaram na corrupção da verdade com a produção da narrativa lavajatista-salvacionista).

21 anos se passaram para os brasileiros enxergarem a trapaça que foi o golpe de 1964 e se libertarem da ditadura militar.

Em pouco mais de dois anos, o mundo “civilizado” e os brasileiros que têm consciência cidadã e apreço à democracia de fato sabem que o governo militarizado de Bolsonaro além de farsesco destrói o país e seu povo.

Veremos até quando os que criaram e sustentam esse governo ficarão no navio que afunda a cada dia. Estarão dispostos a morrerem abraçados com o capitão?

VOZ DO PARÁ: Essencial todo dia!

- Publicidade -spot_img

More articles

- Publicidade -spot_img

Últimas notíciais