A construção de um novo projeto de sociedade em Cuba perdura após 63 anos de desafios e resistência
O primeiro dos desafios da Revolução Cubana consistiu em impor-se ao modelo capitalista vigente em meados do século XX, com a implementação de medidas radicais que colocaram o ser humano no centro das atenções e deixaram para trás os anos infelizes da ditadura de Fulgencio Batista, que fugiu da ilha caribenha antes da vitória inevitável do Exército Rebelde, escreve a Prensa Latina em editorial.
Foi logo no primeiro dia de janeiro de 1959, com o Triunfo da Revolução, quando Fidel Castro, líder da insurreição armada que libertou o país, previu que se iniciava um duro e perigoso empreendimento, dada a coragem de erigir um processo que tornaria realidade os sonhos das pessoas mais desfavorecidas da sociedade, que naquela época eram a maioria da população.
A transformação do sistema de educação e saúde, a industrialização do país, a eliminação do desemprego rural e urbano e a concessão de direitos aos camponeses, são apenas algumas das promessas cumpridas nos primeiros anos da Revolução do histórico Programa Moncada.
O intenso pacote de mudanças abrangeu todas as esferas sociais e também a criação de um arcabouço institucional e uma nova forma de gestão governamental, além da projeção internacional, um catálogo de conquistas conquistadas pela primeira vez por uma nação pequena e subdesenvolvida.
Com inúmeros ataques e agressões de diversos formatos e a aplicação, desde o início de 1962, de um cerco econômico, comercial e financeiro que prejudica todas as tentativas de tornar sustentável o desenvolvimento da nação, os Estados Unidos atuaram em represália contra a ilha do Caribe.
Mas o país não deixou de se comprometer com o futuro, a construção de escolas e programas educacionais, a elaboração de planos de emancipação feminina, a conquista de números promissores na saúde, a colaboração além de suas fronteiras, o fortalecimento de seu sistema social, no enfrentamento às ameaças constantes à sua soberania.
Na ordem econômica, Cuba teve que se reinventar a cada dia, para superar os freios do bloqueio estadunidense e os obstáculos internos. Em 2021 se somaram aos problemas acumulados os efeitos do segundo ano de uma pandemia que cortou sua principal linha econômica, o turismo, o comércio e as exportações.
Entre outras medidas para a recuperação econômica, este ano o país iniciou a Tarefa de Ordenação em busca da unificação monetária; implementou novas medidas destinadas a substituir importações e aumentar a produção e priorizou a aplicação de ciência e tecnologia.
Este foi o ano do ressurgimento da política hostil contra Cuba do governo Joe Biden, que não só não cumpriu sua promessa eleitoral de reiniciar o degelo com a ilha, mas também manteve intactas as 243 medidas ditadas por seu antecessor Donald Trump para sufocar sua economia.
Ao cerco econômico juntaram-se as tentativas de subverter a ordem social e constitucional da nação, com o apoio de operadores políticos estabelecidos nos Estados Unidos, bem como o uso de tecnologias e meios de comunicação para a Guerra Não Convencional contra o país.
Nesse cenário complexo, Cuba conseguiu vacinar mais de 85% de sua população contra a Covid-19 com o desenvolvimento de suas próprias vacinas e colocar-se na vanguarda da imunização na América Latina, além de continuar a dar solidariedade a mais de 40 países do mundo pelo contingente de médicos Henry Reeve, criado por Fidel Castro em 2005.
Na qualificação para 2021, o presidente da nação, Miguel Díaz-Canel, garantiu que este tem sido um período de aprendizagem e – mais uma vez – de resistência criativa do povo perante as adversidades.