E eis que agora a Ciência descobre no porco um doador de coração; Depois dessa, não tive dúvida: elegi o porco como meu animal de estimação
O porco é um animal injustiçado. Não é visto com bons olhos pelo bicho homem que, talvez por ignorância, encara-o como um ser desprezível. Daí inventaram até o tal espírito de porco, para designar pessoas que fazem tudo ao contrário do que deviam, como é o caso do nosso presidente, este sim, um modelo de espírito de porco.
Também costuma-se encarar o porco como um animal sujo, indigno. Criou-se o verbo emporcalhar, que singnifica fazer alguma sujeira. Porcaria é uma coisa sem valor. E como tudo que deriva do porco tem alguma conotação imprópria, inventou-se o termo porca para designar o receptáculo do parafuso. Isso porque, vejam só, o órgão genital do porco tem forma de… parafuso. Introduz-se, portanto, na…porca. Maldade.
O porco é malvisto até na História paralela do Império Romano. Conta-se que quando o execrável Rodrigo Borgia morreu, negaram-lhe a sepultura. Lançaram o corpo aos abutres e enterraram no lugar dele… um porco, sob aplausos da galera romana ao longo do féretro pelas ruas da cidade eterna,
Não há dúvida de que o porco tem lá seus defeitos. Dizem, por exemplo, que para conduzi-lo temos que fazer o movimento contrário ao que queremos. Por exemplo, se queremos que o porco vá pra frente, basta puxar o rabo dele para trás. Para ele ir pra trás, puxamos a orelha pra frente
Tratam-no como um pária, quando na verdade é um animal de altíssimas qualidades. Imagine só que tem carne saborosa, e nem sempre carregada de colesterol, como apregoam os antiporcos espalhados por aí. O certo é que dele se faz a melhor linguiça, o melhor bacon, a melhor feijoada, a melhor almôndega, o melhor lombo assado com abacaxi.
Falar nisso, há quem diga que ele, o porco, é o melhor amigo do homem, no caso desbancando o cachorro. Pode ser exagero, mas nem algum sentido. O porco apenas ronca e fuça, enquanto o cão pode se tornar um inimigo mortal. Porco não avança em pessoas desconhecidas, ao contrário do bitbull de um amigo meu, que avança até em crianças.
Há muito que dizer em favor do porco. Por exemplo, ele é o símbolo da poupança. É ele que encarna os cofrinhos onde as crianças são estimuladas a guardar as moedinhas que recebem dos avós. É também o símbolo do trabalho, bastando lembrar a história dos três porquinhos que, para se proteger do lobo mau, construíram uma casa à prova de sopro. São o símbolo da fartura, porque saem da pocilga para a mesa dos fazendeiros e os saciam com a carne e seus derivados inigualáveis.
E tem mais, meus amigos: o porco, queiram ou não os incrédulos, é muito parecido com o homem, principalmente no que diz respeito ao organismo. Tudo nele se assemelha aos órgãos do corpo humano. Eu mesmo fui beneficiado por essa semelhança quando descobri minha diabetes, há muitos anos. A melhor insulina que se fabricava na época era de porco, pela compatibilidade com a insulina produzida pelo pâncreas humano.
E eis que agora a Ciência descobre no porco um doador de coração. Acaba de ocorrer o implante de um coração de porco em um homem com doença cardíaca incurável. O paciente beneficiado é o norte-americano David Bennett, de 57 anos, que, como não tem espírito de porco e está disposto a viver, concordou em se submeter à cirurgia experimental.
Depois dessa, não tive dúvida: elegi o porco como meu animal de estimação. Viva ele, o porco.
por Afonso Barroso | Dom Total
VOZ DO PARÁ: Essencial todo dia!