A esquerda tem que contra-atacar, não apenas se defender

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Não dá mais pra esquerda negar: em tempos de fortalecimento da extrema direita, a melhor defesa é o ataque!

Mais explícito do que a intenção desse título impossível. Não dá mais pra esquerda negar: em tempos de fortalecimento da extrema direita, a melhor defesa é o ataque!

Durante o início do governo Dilma dirigentes de importantes movimentos populares diziam que era preciso negociar com os derrotados nas eleições, pois o clima estava muito tenso, a Dilma havia vencido por pouco, e a esquerda estava enfraquecida. Em decorrência, até o MST apoiou a nomeação da ruralista Kátia Abreu para o ministério da agricultura e o PT acolheu a alternativa de se colocar um banqueiro do Bradesco, um tal Levi, para controlar a economia.

Bom, em parte, deu no que deu, golpe. Não resta mais nenhuma possibilidade para quem em uma luta, ao ser socado, dá a outra face como se fosse ainda possível conciliar. Na luta, o lutador em sobreposição vai socar ainda mais até a vitória, a vitória dos derrotados em 2014 foi o golpe contra a Dilma em 2016.

Agora, em novo cenário, preocupam-se alguns em conciliar com moderados, para formar uma frente ampla e colocar em primeiro lugar a derrota do Bolsonarismo, mesmo que ao custo de unir a esquerda com neoliberais, como Alckmin.

O problema nem é apenas estratégico, sobre a incompatibilidade do neoliberalismo e das propostas neodesenvolvimentistas da esquerda, mas, também em termos de tática eleitoral.

Bolsonaro colhe frutos da escalada da crise que ele mesmo constrói. Quando se pensa que vai parar com a decisão do STF condenando Daniel Silveira, decreta um indulto para que o deputado não seja preso. No ato seguinte condecora o deputado no Planalto com o indulto e aliados articulam e conseguem emplacar Silveira na CCJ e outras comissões da Camara. Um achincalhe? Acho que não. Parece mais uma estratégia, e bem sucedida de animar a tropa para a campanha eleitoral, de dar identidade ao seu projeto anti-sistema, anti-STF, sem medo de ser antidemocrático, pois ele sabe que isso tem pouco significado prático pra muita gente do povo, entre eleitores e eleitoras.

Enquanto isso, a esquerda busca fechar uma chapa com conservadores. Um erro! Não anima ninguém, não mostra as diferenças com a extrema direita, não cria identidade entre a esquerda e a população (que fica perdida vendo arquirrivais se unirem, fica desconfiada) não explica que Lula é muito diferente de Bolsonaro, apesar de ser.

Ou seja, evitar a polarização é antipedagógico e pode nos levar a uma nova tragédia em outubro de 2022. Por isso o texto manifesto, esquerda contra-ataque com ideias, denuncie o neoliberalismo, o desemprego e a fome, mostre que isso é a essência do Bolsonaro, mas também dos neoliberais, mostre que não concorda com eles, que é contra privatizações, comprometa-se a não privatizar, comprometa-se a valorizar o salário mínimo e o bolsa família de forma real, a priorizar a agricultura famíliar, avançar na reforma agrária, tratar aborto como problema de saúde pública, a erradicar o extermínio da população negra, diferencie-se da direita.

VOZ DO PARÁ: Essencial todo dia!

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