A força das retóricas nos jogos de cena – Lula sim, Alckmin não

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Evandro Oliveira
Evandro Oliveira
PÓS GRADUADO EM GESTÃO E DIREÇÃO ESCOLAR; ESPECIALISTA EM "POLÍTICAS DA IGUALDADE RACIAL NA ESCOLA", SABERES AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS NA AMAZÕNIA - PELA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (UFPA); GRADUADO CIÊNCIAS SOCIAIS COM ÊNFASE EM SOCIOLOGIA - UFPA; ATUA COMO PROFESSOR DE FILOSOFIA E SOCIOLOGIA NA REDE PÚBLICA E COMO PROFESSOR NO ENSINO SUPERIOR E CURSOS PRÉ-VESTIBULARES.
Essencialmente acredito que Lula não precise de muleta, pois caminha politicamente bem, sem necessidade deste tipo de falso apoio

Lula deu entrevista para jornalistas de sites independentes das grandes corporações de comunicação do país esta semana.

A pauta explorada por estes setores é muito mais diversificada e alinhada com alguns dos problemas centrais de nosso país, como a desigualdade, o desemprego e a falta de pluralidade de nossos representantes políticos, principalmente nos que se refere a gênero e raça, o modelo de desenvolvimento que temos que construir para crescer, reduzindo desigualdades e preservando o ambiente, a contínua democratização do estado.

Diferentes são as preocupações dos jornalões que enquadram a disputa eleitoral sempre considerando o que pensa o mercado sobre os candidatos, quem tem mais responsabilidade fiscal, dando como secundário: o que poderíamos chamar de responsabilidade social, ou mesmo a consolidação de uma democracia plural, incluindo a democratização da mídia, por óbvio. Ou seja, são visões de mundo distintas, uns mais próximos da direita e do capital e outros mais da esquerda e de quem vive de seu trabalho. Em um ponto se encontram as duas pautas, a ameaça de Lula ter Alckmin como vice.

Nesse ponto, como o próprio Lula disse, ele tem também uma visão de mundo distinta da de Alckmin, isso pode impedir uma aliança, caso não sejam colocadas de lado as divergências para focar as convergências.

Esse assunto dominou a conversa, foi o mais tocado nas questões. Lula explicou que topa Alckmin, se Alckmin topar um programa político que coloque o povo no orçamento, promova reformas, como a tributária e trabalhista (na verdade a revogação da reforma trabalhista de Temer, de 2017), e se preocupe mais com os empregos do que com o mercado. E disse que não está decidido ainda.

Os meios de comunicação tradicionais tratam isso como se já fosse certa a vice de Lula, que, como ele disse, nem é candidato ainda.

Sou daqueles contra Alckmin como vice. Essencialmente acredito que Lula não precise de muleta, pois caminha politicamente bem, sem necessidade deste tipo de falso apoio.

Por outro lado, vejo Alckmin como um possível cavalo de Tróia da direita. Com essa vice a direita passaria a ter pelo menos um bom representante em cada uma das candidaturas presidenciais. Como disse uma amiga, só quem está distante da base, das classes trabalhadoras, das periferias, sente essa necessidade de infiltrar Alckmin em uma chapa com Lula, pois para o povão isso não é necessário, apenas para uma certa classe média de esquerda.

Pois bem, buscarei fazer valer minha opinião, inclusive como militante do PT. Afinal, vejo esta questão como um jogo de cena, em que a direita, sabendo que o nome do vice de Lula ainda está em disputa, não deixa de fazer sua parte, dizendo das vantagens de se ter Alckmin lá.

Portanto, antes de considerar como dado, não deixarei de criticar a desnecessidade desse tipo de aliança, como foi na época do Temer, que acabou virando vice da Dilma, entre outras coisas, pelos mesmos medos dessa esquerda com cara de classe média e da força da retórica da direita e seus meios de comunicação.

Essa luta só acaba quando as chapas forem registradas, até lá, é fora Alckmin, pois um projeto popular para o Brasil, não precisa de uma muleta do estilo “pé de rodo” como essa.

por Marcel Farah – Educador popular
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